Nos anos 60, o mundo se deu conta da existência do cinema brasileiro. Foi nessa década que nosso cinema angariou suas primeiras premiações internacionais importantes, entre as quais a mais célebre é a conquista da palma de ouro no Festival de Cannes de 1962, com o filme "O Pagador de Promessas", de Anselmo Duarte.
É também a década mais intelectualizada do cinema de nosso país, quando os diretores e produtores se preocuparam mais intensamente com as questões sociais e políticas. O cinema novo conferiu seriedade à nossa produção, granjeando o respeito de parte da crítica, inclusive da internacional, mas por vezes apresentou uma abordagem por demais hermética e intelectualizada, o que afastou boa parte do público, fato que, a meu ver, colaborou para o surgimento, na década seguinte, da pornochanchada, campeã de bilheteria.
Paralelamente aos filmes de temática social, de cunho mais ambicioso, a Herbert Richers tentou reviver - com relativo sucesso - a fórmula das chanchadas dos anos 40 e 50, produzindo uma série de comédias musicais com nomes como Grande Otelo, Ankito, Zé Trindade e Golias, entre outros.
O cinema policial do período também merece destaque, principalmente pelo clássico "Assalto ao Trem Pagador", de Roberto Farias - cujo enorme sucesso encorajou outras incursões no gênero, como "Os Raptores", de Aurélio Teixeira-, assim como o chamado cinema marginal, uma espécie de resposta anárquica ao cinema novo, cujo principal representante é "O Bandido da Luz Vermelha", de Rogério Sganzerla.