Revendo agora, 3 anos depois do meu comentário, tenho apenas um adendo a fazer. Comentei que "a captura de Luke no início e as batalhas nesse planeta Hoth não parecem ter muitas consequências narrativas ou se esforçam para ter". Bom, depois fiquei sabendo que Mark Hamill se acidentou entre Uma Nova Esperança e este filme, e ficou com cicatrizes no rosto, por isso o ataque do monstro no início do filme, para justificarem as novas cicatrizes.
Argh. Finalmente essa auto intitulada saga acabou. Repleta de personagens mal escritos, falta de criatividade enorme e diversos conservadorismos em suas parcas tramas. Bom, na verdade os filmes assumirem uma posição política conservadora não é algo ruim em si (Forrest Gump o faz e gosto do filme), mas somado aos outros péssimos elementos acaba por ser mais um incômodo ao assistir essa franquia. Já sobre a falta de criatividade, deslancharei mais adiante. O filme já abre com a MELHOR CENA DA “SAGA”. Temos uma Bela completamente liberta e feliz, mostrando seus poderes após ser transformada em vampira. Aí o Edward dá o toque e fal que nem tudo são flores e que a sede de sangue é sufocante e blá blá blá. Nesse momento Bella coloca a mão na garganta e faz a maior cara de sede de toda a história. Ela não estava sentindo sede antes não? A sede começou na hora que Edward falou? É esse tipo de falta de sutileza gigantesca e frequente que escancara o quanto essa “saga” é intragável, embora garanta boas gargalhadas involuntárias. Bom, de cara já nos entregam efeitos especiais horríveis com a Bella e o Edward correndo no mato. Acho que o gasto orçamentário foi todo para os efeitos usados na Bella grávida no filme anterior mesmo. No fim, o melhor mesmo (embora também não seja grandes coisas) nos quesitos técnicos e artísticos, como direção, fotografia, etc, foi a parte 3 mesmo. E aí veio o CGI da Renesmee, para piorar muito o que já estava ruim. Não há muito que se falar, todo mundo já viu essa atrocidade cinematográfica, todo mundo já discutiu e, sinceramente, uma vez que você se depara com a Renesmee de CGI você jamais esquece, é simplesmente horrendo. Por qual motivo fazer um bebê de efeito especial? Sério, esse filme fede há lavagem de dinheiro, só pode. Até chega a mostrar a Bella na caça, mas algo que deveria ser visto como algo vulgar, nojento, com nossa heroína repleta de sangue enquanto o chupa de um animal, é retratado com todo um glamour, não mostrar diretamente a ação de beber o sangue, numa forma estranha de ocultar a nova natureza das trevas da protagonista. Isso acontece porque iria de encontro com a ideia contraditória que pauta a franquia. Bella tem uma vidinha confortável, mas é depressiva e não consegue se encaixar, buscando no vampirismo sua fuga da realidade, mesmo que os vampiros sejam (em teoria) criaturas das trevas, que vivem em sofrimento quando optam por não ferir humanos, ou são maus quando decidem que se alimentarão de pessoas, as vezes se sentindo culpados quando não resistem. Entretanto, o filme é péssimo ao tratar a questão da transformação de Bella, mostrando que virar vampira foi o melhor coisa que já aconteceu na vida (ou seria na morte?) dela. Ela não sofre pela sede. As questões de ser eternamente jovem e imortal e da família dela não a abalam ou interferem negativamente na vida-morte dela. Ela ter que se afastar dos amigos também não tem a menor importância, visto que eram personagens inúteis que foram descartados no filme anterior e jamais serão mencionados de novo. Tudo são flores e maravilhas sendo vampira (até o apetite sexual), de forma que perde todo o sentido a resistência de Edward em transformá-la. Não há sofrimento em Bella Swan após sua transformação. O único ponto positivo foi que agora ela pode assumir mais as rédeas de protagonista da história, sem toda aquela apatia. Aliás, alguém me explica por qual motivo a Bella ficou fula com o imprinting do Jacob? Ela não devia ter ficado feliz que ele largou dela e ainda arrumou alguém, mesmo que futuramente? Sério, Jacob era um personagem promissor no segundo filme, e foi seguidamente destratado ao longo dos outros, a ponto de aqui ser tratado como cachorrinho e nem reagir, exceto, claro, na famigerada cena em que ele se despe na frente do pai da Bella, que consegue ser ainda mais passivo que o Jacob (a cena dele vendo que a Renesmee já é criança mesmo tendo meses de vida é hilariantemente patética). Falando nisso, a Renesmee crescendo rápido mais rápido que uma criança normal é conveniente e sem sentido, o tipo de forçação da trama, já que não dava para ficar com ela bebê pois atrapalharia a narrativa. Aí inventaram esse artifício sem sentido, pois não tem motivos relacionados à mitologia dos vampiros para ela crescer mais rápido, apenas a conveniência do roteiro. Mas, sendo franco, esse nem é um problema tão grande, não chega a incomodar se compararmos a todas as outras falhas da franquia, é um mero peido no meio da cagada que é a franquia. Questionamento mais relevante é em relação aos filhos entre vampiros e humanos. Por qual razão praticamente não tinha precedente de filhos entre vampiros e humanos? Certo, humanos são “comida” para os vampiros, mas é demonstrado que parte da comunidade vampírica é vegetariana, portanto deveríamos ter mais relacionamentos entre humanos e vampiros, não? Talvez a resposta seja que a comunidade é secreta e por isso não podem se revelar, além de “espancarem” o parceiro no ato sexual, e por isso talvez humanos e vampiros apaixonados só se relacionam depois que um dos parceiros se transforma, mas, enfim, nada disso é explicado. E, mesmo assim, é estranho que ao longo de centenas de anos não existam registros de uma humana grávida de um vampiro. Aliás, como os vampiros brasileiros e egípcios escondem a identidade secreta, já que nesses locais faz bastante sol? O filme até consegue se conduzir de forma mais interessante ao apresentar personagens com background e personalidades distintas, apesar de que essa ideia de cada um ter um poder faz o filme virar X-Men. Igualmente boa e ruim é a batalha final. Sim, temos uma luta bem-feita, acho que algo inédito na franquia, pois a cena é carregada de tensão e boas lutas. Entretanto, se pararmos para pensar mais um pouco vamos ver como a batalha é fajuta. Mesmo sabendo da alta possibilidade de uma peleja, os Cullen não planejaram um mínimo de estratégia na batalha. Os lobos, por exemplo, poderiam ter sido utilizados como elemento surpresa, seria extremamente eficaz. Também evidencia essa falta de planejamento a personagem da Dakota Fanning. É a mais poderosa dentre os vilões e mesmo assim levaram uma eternidade para atacá-la, ao invés de a Bella usar sua imunidade e de pronto tentarem matar a vilã. Não. Simplesmente enrolaram uma eternidade até a vilã causar várias mortes. E aí temos a questão de ser tudo uma visão, um movimento do roteiro que, confesso, não consigo formular muito bem se foi positivo ou negativo. Por um lado, ajudou a entregar uma batalha ousada, em que vários personagens foram “mortos”, mesmo que no final nada disso tenha de fato acontecido. Além disso, acaba entregando uma reviravolta, uma surpresa interessante numa franquia carente de inventividade. Por outro, não dá para deixar de pensar que foi um movimento mais baseado na covardia do que na inventividade, afinal, queriam entregar ação e mortes, mas não tinha a coragem de fazê-lo. Enfim, difícil decidir se no final essa reviravolta foi boa ou ruim. Podemos ainda pensar que, agora, sabendo qual seria seu futuro, o vilão poderia readequar as condições de batalha e evitar sua derrota ou morte. Ou seja, não sei por qual motivo essa visão realmente interferiria na decisão de não batalhar. Talvez ele fosse arrogante e achasse que os Cullen não teriam chance, e, vendo que poderia sim ser derrotado, não quis arriscar mais. E, vamos ser francos, os Cullen, mesmo com a ajuda, não seriam nunca páreo para um exército treinado e numeroso como o dos Vulture, maaaaaas, personagens protagonistas derrotando vilões milenares e muito mais poderosos é algo frequente nas narrativas de fantasia, então acho que dá para perdoar. Digo “acho” pois geralmente tem algum artificio para que os protagonistas consigam superar os vilões, como alguma magia conveniente (Harry Potter) ou imunidade gordural (Kung Fu Panda), enquanto aqui em Amanhecer não é exposto nenhuma razão para a surra aplicada no exército dos Vulture. E, agora, a franquia se conclui. Ah, vamos ser francos. A gente se divertia com essa “saga”, reclamando, digladiando com adolescentezinhas bestas que não sabiam quem era Stephen King, vendo vídeos do Felipe Neto e apontando erros nos filme até onde eles não existiam. No final, a saga deu uma sumida, pois o público alvo cresceu e acredito que a grande maioria percebeu a bestagem que era isso daqui, mesmo que ainda guardem algum carinho por essa auto proclamada saga. E, como se ainda não bastasse o comentário gigantesco, acabei de lembrar que não comentei sobre o imprinting. Sim, é problemático, mas talvez dê para passar pano e... ah, cansei, já gastei tempo demais comentando nesses filmes da franquia, deixa minhas impressões sobre o imprinting (hê hê hê) para lá. Nota: 6.8. Ranking da franquia: Crepúsculo - Nota 7. Amanhecer Parte 2 - Nota 7. Eclipse - Nota 7. Amanhecer Parte 1 - Nota 6. Lua Nova - Nota 6. Média da franquia: 6.6.
A animação é bem bonita. A trama é complexa, repleta de personagens e idéias, a ponto de ser surreal que consiga ter sido executada em um fiilme de apenas uma hora e meia. A complexidade é gradativa, de início parece que o filme vai ser complicado, e aí a partir do segundo ato você realmente confirma a complexidade rs. Enfim, gostei bastanta também da forma como a realidade, as sensações e os subconscientes dos personagens são representados nos sonhos, principalmente no terceiro ato, repleto de metáforas presentes nos sonhos, o que poderia render um longos comentários e análises dos pormenores. Nota: 8.7.
LACROU. Só que não. Na verdade, Barbie é um filme bem sensato, mas destrincharei isso melhor... Primeiro, ótimo o Oscar ter reconhecido um filme fora daquele padrão de dramas e cinebiografias que sempre concorrem. Claro, a decisão provavelmente foi para ter presente um filme de massa e aumentar a audiência, ainda mais com o conhecido fenômeno do Barbenheimer, sendo dois dos filmes de maior destaque desta edição. E isso fica evidente no fato de que a produção não ganho praticamente Oscar nenhum, sendo praticamente indicações de fachada. Mas, indicações mesmo assim. De toda forma não concordei muito com a indicação de America Ferrera. A personagem dela praticamente não exige atuação e, nos poucos momentos que exige, a atriz não demonstra nada de extraordinário a ponto de valer uma indicação. Já a atuação de Ryan Gosling como Ken não há muito que se falar que já não tenha sido comentado, sendo uma performance bem elogiada pela energia e pelo humor, e valorizada também por ser o personagem mais interessante do filme. Ryan Gosling entrega uma atuação intencionalmente cafona e exagerada, mas sem deixar de imbuir a carga dramática necessária para manter o personagem interessante. Para mim merecia bem mais o Oscar de melhor ator coadjuvante. O design de produção é lindo, é verdade. Mas não deixa de ser pautado em ideias óbvias. O problema é que realmente deveria estar atrelado a essa obviedade, não pode fugir disso, afinal, é a construção do Barbieworld, baseado em elementos já existentes do brinquedo, mas não deixa de ser interessante ver os elementos dos brinquedos tomarem forma numa produção cinematográfica. Estranho mesmo é o personagem do Michael Cera. Confesso que não consegui identificar muito sua função... Certo, ele representa um boneco obscuro da linha de brinquedos, mas acho que a intenção era apenas funcionar como alívio cômico em um filme que já é de comédia, o que não tem muito sentido. E, pior, ele falha como alívio cômico. O filme, a partir de seu segundo ato, começa a executar bem as questões de humor, com exceção exatamente do personagem criado apenas para o humor. E, mais grave ainda, o ator mais engraçado a pisar em Hollywood, Michael Cera, o sujeito que só de você olhar para a cara dele já te faz rir, NÃO FUNCIONOU como humor em um filme de comédia. Surreal. Talvez o personagem seja também para representar um público LGBTQIAP+? Ou para representar que nem todo homem se pauta em estereótipos ou interessa pelos assuntos socialmente relacionados aos homens? Não fica claro também, o que demonstra uma fragilidade narrativa nesse ponto. Aliás, no início não estava gostando do humor mas, a partir da parte do patriarcado no mundo real o humor melhora bastante, possuindo ótimas tiradas em relação a questões sociais, além de referencias ao cinema, como a O Poderoso Chefão, e à própria cultura Barbie. Sobre a não indicação de Greta Gerwig a direção é difícil opinar sem ter visto os outros trabalhos, porque em Barbie o trabalho dela é ótimo sim, mas não chega a ser espetacular. Ela dosa muito bem humor, crítica, ação sem cair em pastiches, pastelões ou perder a seriedade de sua pauta (algo que, na minha opinião, Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo falhou), ao mesmo tempo que entrega um filme supostamente voltado ao público infantil. E, sim, Barbie é em essência e proposta um filme voltado para as crianças público da boneca Barbie. Acontece que realmente é difícil para eu avaliar se o filme foi eficiente nessa questão, não sei qual foi a opinião das crianças que assistiram o filme, mas para mim ele teve elementos suficientes para funcionar para o público jovem, apesar de que na prática caiu mesmo nas graças do público adulto. Sobre o tema o filme está longe de ser uma obra de “lacração”, como um público conservador insiste em dizer. Citando Pablo Villaça, os conservadores parecem só enxergar comentário políticos em filmes quando não concordam com esses comentários. Política, opiniões, conservadorismos e progressismos estão presentes em praticamente todas produções, algumas em quantidade absurda a ponto de o filme se perder, sim, mas não é o caso aqui. Barbie discute os temas sem forçar pautas ao público ou sem destruir sua narrativa e proposta, sem “tirar” o público da trama. O problema é que qualquer opinião contrária, por mínima que seja, parece já ser, atualmente, suficiente para o enfurecido público conservador taxar o filme como “lacração” ou “woke”. Nos anos 1980 ninguém ficava taxando (até onde sei) os slashers e filmes de brucutus de conservadores, por mais que o fossem. E dizem que a gente é a geração mimimi. Enfim, Barbie tem um discurso feminista condizente com a proposta da boneca, de representar a mulher em vários espaços, embora, claro, isso não tenha sido suficiente para alcançar a igualdade entre sexos, algo que as bonecas em si desconhecem. Mas, em que pese esse discurso, em nenhum momento os homens são deturpados. Claro, são retratados genericamente como fãs de esportes, cavalos, individualistas, mas até isso é discutido no final do filme, abrindo pauta para que não só as mulheres, mas os homens não precisam estar atados aos paradigmas sociais de gênero. Oras, esse discurso já tem o que? Uns 100 anos? Enfim, o filme ainda crítica fortemente a juventude militante, representada pela filha da personagem da America Ferrera, que, garota progressista, pratica o que chamam de “ódio do bem”, não hesitando em ferir os sentimentos da Barbie ao enxergar nela um símbolo de retrocesso. Enfim, dá para assistir sem se ater só às críticas sociais, tem diversão, vilões, etc, e mesmo as críticas sociais não são extremas, tratando de temas já batidos que não consigo imaginar ninguém sendo contrário. Ou alguém aí realmente acha que lugar da mulher é na cozinha ou servindo os homens, como acontece no filme? Bom, tem ali também um discurso de que o homem não precisa necessariamente ser “gado” ou viver às custas de mulher, seja no matriarcado, seja no patriarcado, representado pelo Ken saindo da sombra da Barbie no final. E, em relação aos executivos da Mattel, temos aqui uma decisão corajosa, de retratá-los todos como homens, ávido por dinheiro a qualquer custo e com apenas a questão financeira em mente, mesmo quando agem de forma progressista, abrindo o filme crítica ao fato da baixa representatividade feminina em uma empresa que tem uma boneca em seu expoente máximo. Bom, os executivos, na vida real, talvez tenham permitido essa visão nada glamorosa sobre eles mesmos no filme pois, afinal, isso iria dar dinheiro, e esse é o objetivo da produção. Os envolvidos não importam de serem retratados da forma que foram pois o filme Barbie vai reder dinheiro. Mas, de toda forma, mesmo apresentando um leve antagonismo, em nenhum momento os executivos da Mattel são realmente taxados como vilões. Enfim, finalizando esse cometário gigantesco, tenho a dizer que não gostei do final. Curiosamente, também não gostei dos minutos iniciais, os diálogos no início e no final são esquisitos. A forma como se conclui, o destino dado à Barbie e a cena final não me agradaram muito. Mas, gostei bastante do filme apesar disso. Nota: 9.0.
Essa é uma das melhores Parte 2 do terror, de memória acho que apenas Brinquedo Assassino 2 é melhor. Em princípio parece que irá seguir a velha sina de remakizar o filme anterior, na questão de trazer de volta alguém que veio do inferno à sua forma corpórea. Entretanto, diferente da parte 1, essa trama não é o foco e o filme desenvolve para outros lados, pegando um pouco da questão do manicômio de forma levemente semelhante ao A Hora do Pesadelo 3. Repleto de violência, situações e cenários surreais, e aqueles efeitos grotescos e práticos de criaturas bizarras (excelentes, por sinal), o filme expande a mitologia da parte 1, embora não seja superior ao primeiro filme. Minha única ressalva é quanto à questão que envolve os cenobitas e seu
passado humano. Nada contra a ideia de que eles anteriormente foram pessoas que buscaram o cubo e por isso viraram criaturas do inferno. Mas, na cena que a protagonista os confronta com isso, e eles se lembram do passado humano deles, não entendi o motivo deles terem sido legais e bonzinhos. Sejamos francos, se eles buscaram o cubo e ainda foram designados para serem cenobitas, certeza que eles não eram boas pessoas. Assim, mesmo que se recordassem do passado humano, por qual motivo eles demonstrariam solidariedade, sendo que eles não eram boas pessoas? Enfim, essa ideia de colocá-los agora como mocinhos não me desceu
. Mas, apesar dos pesares, continua na prateleira de melhores continuações da história do terror. E, considerando a qualidade pavorosa dos filmes da franquia que viriam, temos que valorizar essa parte 2 mais ainda. Nota: 8.8.
É a quase a mesma coisa que comentei em A Hard Day’s Night. A diferença é que ao invés de não ter trama nenhuma e ser baseado no improviso como os Reis do Iê Iê Iê, Help! possui uma ótima premissa e... bom, é só isso mesmo. A premissa envolvendo o anel é uma boa ideia que é delongada à exaustão, sem apresentar alguma trama para essa premissa. Evidência disso é a clássica mudança de locações para tentar fazer (ou fingir que faz) a trama andar. Maaaaaas, apesar dos pesares, é um filme dos Beatles, com ótimas músicas e algumas situações engraçadas (a casa dos Beatles, por exemplo). Entretanto, ainda acho que A Hard Day’s Night funcionou melhor em sua proposta e no humor empregado. Nota: 7.9.
Este é o filme de Denna com terceira melhor nota no IMDB. Concordo em partes com a alta avaliação. Trata-se de uma adaptação moderna de Cinderela, embora tal não seja explicitado no título ou no cartaz, sendo percebido apenas no decorrer do filme. E, sim, a forma como adaptaram e atualizaram a história foi ótima, principalmente na figura dos empregados da mansão. Entretanto, senti uma postura aparentemente conservadora nos subtextos da trama. Em primeiro lugar, uma defesa aparentemente patriarcal,
como se o senhor da casa, o homem, é o responsável por colocar a ordem e garantir o correto funcionamento do lar e, caso ausente-se, o caos reina, evidenciado isso pela forma como foi necessário que o pai colocasse ordem nas coisas.
Outra questão é o discurso de que a mulher não suporta viver sozinha, se tornando amargurada caso desista de um (bobo) amor juvenil para tentar viver por conta própria, sendo este discurso evidenciado ao longo do terceiro ato, e coroado com a belíssima ária de Madame Butterfly (como de praxe, todas as músicas dos filmes de Deanna são boas). Sinceramente, o destino de da personagem de Deanna ser viver o resto da vida solteira e amargurada porque decidiu ganhar o sustento por conta própria após acreditar não ter sido correspondida pelo PRIMEIRO AMOR (que, aliás, é um galã feio) é um discurso problemático. Ainda mais se considerarmos que o tal galã só despertou o interesse da garota por ser rico e popular. Aliás, esse foi o primeiro beijo de Deanna na tela, apesar de alguns parzinhos românticos nos filmes Idade Perigosa e Louca por Música, Deanna ainda era adolescente e só aqui, já mais amadurecida, foi ter seu primeiro beijo, sendo tal um dos ditames na divulgação do filme, representado inclusive pelo título “Primeiro Amor”. Temos aqui também a tradicional conclusão apressada. Não sei o motivo dos filmes de Hollywood dessa época terminarem logo após o clímax, não apresentando uma conclusão narrativa ou apressando a resolução da trama. Bom, mas apesar da condução esquisita do terceiro ato, o resto do filme (e a presença de Deanna) são suficientes para relevar levemente esses problemas, não prejudicando o filme. Nota: 8.6.
Revendo agora, tenho apenas um adendo em relação ao meu comentário de 3 anos atrás. Este filme possui realmente bastante trama política, incluindo uma cena em que os vilões se reunem e discutem termos e política em relação aos rebeldes, além de ter bastante substrato e worldbuilding, principalmente referenciando eventos do passado que serima mostrado em filmes subsequentes. Ou seja, é curioso que tenham havido reclamações sobre a trama política nas prequels (no primeiro filme realmente foi meio exagerado a quantidade de política, não nego), como se política e Star Wars não se misturassem. Mais bizarro ainda foi Despertar da Força, que abandona qualquer trama nesse sentido. Nota: 9.4.
Acho que esse é o filme mais hitchcockiano de Alfred Hitchcock. É basicamente o suspense pelo suspense, sem enveredar e abusar de explorar outros elementos e gêneros cinematográficos (como o romance, frequente na filmografia do diretor). Peça chave para resolver um caso, um corpo, trama complexa envolvendo assasinato, busca pela justiça, história se passando quase que exclusivamente num mesmo ambiente, enfim, essência pura do mestre do suspense. Hitchock, aqui, constrói muito bem o filme. A questão do suspense é bem tramada e te deixa preso o tempo todo nos acontecimentos da trama, na forma como as situações vão se contruindo. O diretor também demonstra habilidade gigantesca na direção, considerando ser um filme basicamente dialogal e, nas cenas que envolvem os diálogos, Hitchcock habilmente conduz uma trama quase literária de forma que o público não fique perdido na história, mas a compreenda em todos os seus pormenores. Enfim, considero esse um dos melhores trabalhos de Hitchcok na direção, apesar da nomeação do Oscar ter sido para Janela Indiscreta. Sim, Janela Indiscreta é um filme levemente melhor, mas mais pela sua proposta e pelo todo. Em matéria de trama direção e condução da narrativa, Disque M para Matar é superior. Nota: 9.1.
Gostei mais de Fallen Angels, acho que por ser mais estilizado, além de mesclar melhor as várias histórias. Esse daqui tem a primeira meia hora numa história que não empolga muito, enquanto a segunda história é bem mais interessante. A forma como o romance é construído foge totalmente dos clichês, repleta de nuances na construção bem diferentes da forma como os filmes constroem esses relacionamentos. E toca California Dreamim', uma das minhas músicas preferidas, à exaustão, o que por si só é ótimo. Nota: P.S.: acabei de ver aqui que meu comentário foi completamente o oposto da opinião do comentário abaixo kkkkk. Gosto realmente é algo variado. Nota: 8.2.
Um ótimo roteiro entregue nas mão de uma produção para a TV. É como pegar usar pérolas para enfeitar um Crocs, que horror. Ou fazer uma calça saruel com o mais caro veludo. Enfim, a trama do filme é ótima, mas a produção para a TV fez essa obra ser esquecida. O mesmo roteiro produzido num grande estúdio, lançado no cinema, poderia ter gerado um clássico, ou, talvez, um filme mais lembrado hoje em dia. Não que a produção televisiva envolvida aqui seja ruim. Os atores até dão conta do papel no geral, e a direção consegue entregar segurança na condução do filme, embora em um ou outro momento falte um pouco de ritmo. Curioso também como anteveu a onda de filmes no estilo de "Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado", em que personagens se unem para encobrir um assassinato. Enfim, ótimo filme que se perdeu por ser uma produção televisiva, e, infelizmente, padece hoje em completa obscuridade. Mais um filme da série "se eu não tivesse o VHS aqui em casa jamais saberia da existência". Nota: 8.6.
Longa do mesmo diretor do melhor segmento de VHS 2 (aquele que envolve a seita). Confesso que mesmo assim esperava menos, achei que seria algo na linha das tosqueiras do Rocky Soraya, que faz um pastiche de "Invocação do Mal" com dramaticidade de novela mexicana. Aqui, pelo contrário, temos um filme mais solidamente dirigido, com boas ideias na construção da tensão e da narrativa. E realmente estava um filme muito bom até o momento que vira "Evil Dead". Pelo que li o diretor é fã da franquia, mas nada justifica o quanto o filme copia a obra de Sam Raimi. Ficou muita cópia e pouco homenagem e isso me tirou por completo da narrativa. Até tem umas boas ideias nesses momentos mais "Evil Dead" na construção da tensão, mas não foram suficientes para mim. No final, a conclusão é que o filme ia bem, mas acabou desandando. Nota: 7.7.
Não entrega nada além do esperado, sendo um exemplar típico do seu gênero. Filmes de terror atuais, com baixo orçamento, quase caseiros, que até se esforça para entregar um material bom, parecendo ter sido feito realmente por fãs do terror. Pega a premissia fácil da data comemorativa e da utiliazção de espaços isolados (uma estação de tratamento, no caso). Também tenta ter uma reviravolta interessante, mas, realmente, não sei se foi óbvia, mas eu saquei ela com enorme facilidade desde o início do filme. Mas, apesar disso, a reviravolta é coerente e bem construída, se bem me lembro. Nota: 6.6.
Mais um excelente exemplar do pós-horror e forte candidato à lista de melhores filmes de terror da década. Por enquanto, do que assisti, é o melhor filme de terror da década, embora ainda tenhamos vários anos pela frente. Já vou começar meu comentário com uma reclamação recorrente minha, sobre como os clichês do terror são hiperdestacados pelo público e crítica enquanto clichês de outros gêneros são ignorados. É um fenômeno estranho, em que os clichês dos “dramas Oscar” são comumente ignorados, enquanto basta um filme de terror ter UM mísero acontecimento clichê para já ser depreciado e detonado, usando isso para depreciar o filme e o gênero terror. Aconteceu com Hereditário. Aconteceu com esse daqui. Algo injusto, pois “Talk To Me” é tudo, menos clichê. Digo isso pois fazia um bom tempo que algum filme não me deixava perdido como “Talk To Me” me deixou. Enquanto na maior parte dos filmes conseguimos entrever os rumos narrativos, “Talk To Me” me deixava às cegas, diferente de algumas obras bem clichês (Sorria ou Megan, por exemplo), em que eu já conseguia saber onde e quando as coisas iam ocorrer, em “Talk To Me” eu era a todo tempo surpreendido por não saber quais seriam os rumos narrativos. Ou melhor, eu sabia, mas não quando ou como iriam ocorrer. E, aqui reside a grande genialidade do filme. “Talk To Me” sabe trabalhar com o clichê. O clichê não é algo ruim em si, apenas quando prejudica a narrativa por sua clara obviedade, ou preguiça criativa, ou por ocorrer em demasia. Mas, é inevitável que os filmes sigam esqueletos narrativos e caminhos de plot padrão. Os filmes do Oscar, por exemplo, o fazem com frequência. Entretanto, “Talk To Me” pega a batida trama do objeto amaldiçoado, com todos os seus elementos, e os executa de forma a sempre fugir do óbvio. Possui os elementos padrões dos filmes do gênero, mas disfarçados e executados de tal modo que demonstra não ser um filme óbvio, repetitivo ou mesmo clichê. Infelizmente possui alguns escorregões nessa empreitada. O evento originário do passado, por exemplo, aqui foi executado de forma bem clichê, apesar de buscarem coloca-lo no início (a cena inicial) e depois retomá-lo como surpresa. Acontece que essa trama repetitiva, dos amaldiçoados anteriores, que geralmente abrem o filme e que em determinado momento os personagens irão buscar informações com ele, além de ser um clichê tenebroso, não acrescenta em nada para a trama do filme. O personagem que possuía a mão anteriormente e que eles encontram no ônibus simplesmente não serviu de nada, e foi logo descartado pela trama sem mais nem menos. Ou seja, adicionaram um clichê que fragiliza a narrativa e, pior, tal clichê não fazia a menor diferença para a trama. Outro trecho problemático é o que envolve o canguru atropelado. A ideia é boa, mas a execução foi totalmente carente de sutileza, incluindo uma visão transparente do mesmo para deixar claro o seu significado. Ficou exagerado, seria melhor se tivesse sido mais sutil. Ou mesmo não ter sido incluído. Confesso que também não gostei muito da forma como construíram a personalidade da protagonista, ficou muito confuso qual a personalidade que queriam dar para ela. Entretanto, de resto o roteiro acerta em sua ótima execução, imprevisibilidade e conclusão. É bem climático e tenso nas questões que envolvem assombrações, além de não ter medo do gore, empregando uma violência não muito usual aos filmes do subgênero de objetos amaldiçoados. Gosto também da forma como deixam em suspenso a carta da mãe da protagonista, e como as assombrações a manipulam. Os aspectos técnicos tentam não remeter aos filmes A24 e pós-horror de forma geral. Senti falta disso, querendo ou não seria interessante alguns daqueles takes de espaços vazios enquanto uma trilha com amplificadores e dons distorcidos toca. No geral, apesar da direção segura, poderia ter havido alguns exercícios estilísticos por parte do diretor. Não é algo ruim em si, mas se fosse utilizado poderia colocar o filme num patamar ainda maior. Em suma, reinventa muito bem o batido subgênero de objetos amaldiçoados, escorrega um pouco em um ou dois momentos, mas executa muito bem sua proposta. Nota: 9.3.
Coloco Mãe como um dos melhores filmes de terror da década passada, apesar de ser um filme de difícil classificação. E, convenhamos, já que quanto menos se souber do filme melhor ele fica, marcarei todo o resto do comentário como spoiler.
A genialidade de Mãe reside em um simples fato: Estamos assistindo a adaptação cinematográfica de um livro (A Bíblia) sem saber que é isso que estamos vendo. Tanto é que revendo agora não vi metade da diversão que foi quando vi dá primeira vez. O filme passa, a todo momento, a sensação de que estamos acompanhando algo sem saber o que realmente estamos acompanhando, gera aquela sensação de “que raios tá acontecendo?”. Acredito que comecei a desconfiar da adaptação bíblica no momento da inundação. É curioso também como o filme é absurdamente gradativo, com as coisas desandando num ritmo cada vez mais frenético. Mas, genial mesmo é a concepção dos dois personagens principais. A Mãe natureza é servil e cuidadosa, gerindo a natureza nos seus menores detalhes e zelando e preocupando por eles, enquanto, ao mesmo tempo, surge frágil e passiva, agindo ativamente apenas quando a natureza (representada pela casa) que ela protege está em perigo. Deus, por outro lado, é perfeito em sua representação bondosa e ao mesmo tempo orgulhosa, necessitada de adoração e atenção. Curioso também como as cenas que a Mãe natureza está sozinha ou sendo atacada são momentos angustiantes, em que clamamos para que Deus apareça e ajude a resolver aquela situação alarmante, mas, quando ele aparece, apesar do alívio com seu retorno, Ele se prova inútil para resolver aquela situação, quase num paralelo com o fato de que oramos e buscamo-Lo, mas, no final, Ele não aparece para resolver as angústias ou aplicar o que entendemos por justiça. Enfim, inexplicável que o filme tenha concorrido ao Framboesa de Ouro e tenha recebido ódio dos críticos, sendo vaiado em Cannes. Me recuso a acreditar que críticos não tenham entendido o que o filme estava mostrando. Ou, talvez, tenham entendido, o que é igualmente problemático, pois o ódio ao filme seria resultado de uma postura conservadora, que não aceitou a visão crítica dada à Bíblia, postura esta incompatível com críticos envolvidos com uma arte tão aberta como o cinema. Quero dizer, o proposito do filme era exatamente o de causar angustia e revolta, então qual o sentido de vaiar, sendo que o filme estava fazendo exatamente aquilo que estava propondo. Bom, como disse, trata-se de uma adaptação da Bíblia, aproveitando as metáforas para expor de forma crítica alguns momentos do livro sagrado, como a postura de Deus ou o sacrifício de Jesus, e, de quebra, transmitindo uma mensagem fortemente ecológica. Deus permite que destruamos a natureza, sua criação em conjunto com a Mãe natureza, em troca da adoração que temos por ele. E, a conclusão é que a Mãe natureza, os humanos, etc, são efêmeros, mas Deus é eterno, basta ele reconstruir tudo e, por isso, não se importa tanto em perder a casa, a esposa e aqueles que o idolatram. O que, não deixa de ser curioso, afinal, o filme coloca como protagonista não Deus, mas a Mãe, que aparece em todas as cenas, em todos os momentos, em praticamente todos os takes, exigindo um ótimo trabalho da Jennifer Lawrence. Mas, confesso, revê-lo não foi uma experiência tão ótima quanto foi assistir pela primeira vez.
Por fim, sempre reclamo das notas sem sentido aqui no Filmow, então foi bem surpreendente ver esta nota alta para um filme tão polêmico. Nota: 9.5.
Destaca-se pela fotografia estilizada e pela forma pouco comum que expõe sua narrativa. Embora expor talvez nem seja o termo adequado. "Jogar a narrativa" combina mais. É o tipo de filme que exige atenção e gera estranheza para nós que estamos acostumados com o estilo linear e expositivo das narrativas de Hollywood. A fotografia caótica e com a câmera em movimento constante contribui ainda mais para isso. Bom, meu maior problema com o filme é com o plot do assassino de aluguel, do início à sua conclusão. Quero dizer, se a trama do mudo que entra nas lojas a noite é mais interessante do que o relacionamento conflituoso de um assassino em série com uma prostituta, claramente temos um problema. Mas, apesar disso, o filme é muito bom em sua originalidade de proposta, execução e aspectos técnicos. O único momento que realmente me incomodou foi o que envolvia
Acho que desses clássicos do terrir pré-adolescente oitentista, Gremlins é um dos que menos gosto. Acho que demora para engrenar, possuindo um primeiro ato meio vazio. Mas depois que os Gremlins entram em cena a coisa anda até bem, com os ótimos efeitos (Gizmo é bem simpático). Mas, apesar dos bons efeitos, as atuações no geral são pavorosas (Corey Feldman desperdiçado), completamente destoantes de um filme desse porte. Também achei que a mistura de terrir ficou aquém. Não ousa muito no terror para focar mais no público jovem, ao mesmo tempo que é assustador demais para esse público. O plot sobre o Natal traumático da protagonista também destoa da trama, extremamente pesado e basicamente sem função na narrativa. Apesar disso, consegue ser divertidinho. Sempre esqueço que é um filme de Natal rs. Nota: 7.7.
Uau, não sabia que aquele filme pavoroso do Krampus de 2013 possuía uma continuação. A cada Natal assisto um filme do Krampus e do nada me peguei assistindo essa continuação, que, apesar de repetir grande parte dos erros do primeiro filme, é levemente superior. Bom, no primeiro comentei sobre o fato de que o lugar parece uma cidade neonazi pela alta concentração de carecas. Nessa segunda parte melhoraram um pouco nessa questão de maquiagem/cabelo, apesar de que em determinado momento o protagonista decide entrar para a turma dos carecas sem mais nem menos. A trama continua con altos e baixos, sendo prejudicada pelos péssimos diálogos, assim como no primeiro filme. No primeiro filme comentei que o Krampuera um pouco esquecido pelo roteiro no trecho final. Pois bem, aqui acontece ainda pior, sendo que a subtrama do cara que queria vingar o irmão vira trama principal e no último ato o Krampus é totalmente abandonado. Além disso temos aquele Papai Noel fajuto e a reviravolta sem pé nem cabeça (e um pouco óbvia) com a filha do protagonista. No final, segue o mesmo erro de não saber usar o Krampus como a contraparte punitiva do Papai Noel, focado em crianças, pois aqui pune mais adultos que qualquer coisa. E, não sei se foi por eu ter cochilado, mas no final as crianças ficaram lá, presas, sem conclusão? Nota: 5.1.
Temos aqui um Férias Frustradas que me despertou o interesse por dois motivos. Um foi o fato de que agora seria evitada aquela estrutura episódica dos dois filmes anteriores e o outro foi por ter boas notas na internet. Bom, essas boas notas provavelmente são por causa de nostalgia de sessões natalinas pois o filme não é tão bom quanto o primeiro, apesar de ser melhor que o segundo. O humor é variável, com bons momentos, mas ainda aquém do timming do primeiro filme. As piadas que envolvem os vizinhos yuppies são incrivelmente sem graça (ou talvez tenham tido graça apenas na época, por retratar uma tribo específica daqueles anos). No final apela para o pastelão (correria com o esquilo e exagero intencional em vias de humor na figura do sequestro e retratação do chefe do protagonista). Nota: 6.8.
Primeiro, cabe ressaltar o quanto sem motivos foi a divisão em duas partes. O tanto de subtramas inúteis que esse filme tem (mais do que a parte 2) demonstra que não houve avaliação artística nessa divisão. Sim, o princípio primário é ganhar dinheiro, mas nos casos de Harry Potter, Hobbit, talvez até Jogos Vorazes, a divisão entre dois filmes beneficia a trama, usualmente corrida, trazendo mais desenvolvimento. O que se vê em Amanhecer é que essa divisão escancara o quanto o roteiro é frágil e como os realizadores (diretor, roteirista e autora do livro) estão completamente perdidos na trama. Até a realização do casamento (acho que lá pelos 20 minutos) absolutamente nada acontece. Um exemplo da inutilidade dessa divisão em duas partes está na trama do Edward, já vampiro, ter matado humanos que eram maus. Não serviu para nada, não chegou em lugar nenhum, nunca mais foi citado... A parte da lua-de-mel é outro exemplo de que essa divisão em duas partes não foi nem um pouco benéfica, soando longa e repetitiva. Primeiro, Jacob dá O MAIOR SURTO DA HISTÓRIA quando fica sabendo que Edward e Bella vão fazer amor com ela ainda humana, falando que ela vai morrer, etc. Aí Bella e Edward chegam fazem o negócio e a moça sai só com UM MÍSERO hematoma. Tanta expectativa para no final o Edward mal mal machucar ele, super de leve. Vai entender. Bom, a parte da Bella grávida é uma das melhores da franquia. Aqui, como aconteceu em pouquíssimos momentos da autoproclamada “saga”, temos a construção de alguma emoção, no caso tensão em torno do destino da protagonista, que vai definhando aos poucos em sua gravidez. Inclusive, até a parte técnica é acertada aqui, com efeitos e maquiagem impactantes em relação à magreza da Bella. E, aqui, temos mais uma das diversas mensagens conservadoras que permeia a “saga”. No caso, uma clara mensagem anti-aborto, visto que o Bella se recusa ao procedimento ainda que claramente não vá sobreviver à gravidez, mesmo passando uma dor terrível e definhando a olhos vistos. Bom, claro, tudo isso gera MAIS UMA VEZ a trama da Bella indefesa, enquanto os Cullen se reúnem com algum aliado improvável, aguardando o ataque dos inimigos (agora são os lobos), que vai acontecer na parte final do filme, algo que já se tornou repetitivo, visto que é o motor de todos os filmes da franquia. Aliás, superforçada a motivação dos lobos em atacar os Cullen. Fora que gerou a pior batalha final da franquia, já que ninguém poderia morrer, se machucar, etc, sendo apenas uma estapeação sem emoção e sem consequências. Bom, sobre o imprinting, acho melhor deixar para comentar na parte 2. Em relação aos aspectos técnicos, este daqui voltou ao padrão da franquia. Se a parte 3 era mais bem dirigida, realizada com mais apuro, aqui voltamos aos ares de filme sem orçamento, sem elementos inventivos na direção ou em outros aspectos, sem alma, sem identidade, pasteurizado. Enfim, filme morno, que padece na decisão de dividir em duas partes uma história que já é carente de substância desde o seu início. Enfim, é sempre difícil decidir qual o pior da franquia, se esse ou Lua Nova, mas vou deixar Lua Nova como o pior. Nota: 6.4.
Filme extremamente good vibes, para mostrar que é filme natalino mesmo. As coisas fluem bem, os personagens são encantadores (um Primeiro Ministro BONZINHO, mais santinho que madre Teresa de Calcutá). Trás lições bonitas enquanto acompanha situações de romance envolvendo diversos personagens que eventualmente se cruzam. Essa questão das histórias se cruzando talvez seja um ponto um pouco irrelevante. Achei as relações tão intrincadas que sequer lembro da maioria delas. Acrescenta uma complexidade inútil ao filme, visto que essas relações na maioria das vezes não vai ter relevância para a narrativa. Enfim, fiz uma análise em separado de cada segmento:
Billy Mack, o cantor. Talvez o segmento que mais aparece e ao mesmo tempo o que menos tem trama, visto que sua aparição se dá na TV, rádio, etc, como alívio cômico. E realmente funciona nesse aspecto do humor. Mas, confesso que não entendi muito bem se a ideia foi tratar do amor entre amigos ou se o negócio era amor homoafetivo e o roteiro não teve coragem de expor que era isso mesmo. Nota: 9.
O Primeiro Ministro Esse segmento é divertido pela atuação de Hugh Grant, apesar de gerar um momento extremamente político, em relação aos EUA, e que senti que ficou meio fora do tom do filme, apesar da pertinência e genialidade da crítica. Outra questão é que o Primeiro Ministro é uma pessoa boazinha. Sério, acho que não tem precedente histórico de uma pessoa de coração bom desse jeito ter chegado num cargo máximo de poder em qualquer nação. Presidentes, primeiros ministros, etc, costumam ser ambiciosos. Podem até ter alguns que são honestos, que são boas pessoas, etc, mas não tão bonzinhos como o personagem. Difícil imaginar alguém com aquela índole como Primeiro Ministro. Nota: 8.
O garoto Esse é o do Liam Neeson. Até começa divertidinho pelas questões de primeiro amor e tals. Mas, acho que o problema foi na escolha da garota por quem o personagem se apaixona. Colocar como interesse dele a popularzinha tida como mais gata da escola tira aquela ideia de primeiro amor, de que ele realmente ama ela ao invés de estar com uma paixonite típica pelo mesmo motivo que todos os outros garotos da sala também estão, afinal é a garota mais popular da escola. Inclusive a conclusão clichê da corrida pelo aeroporto me fez revirar os olhos. Nota: 7.
Os dublês O plot do Martin Freeman é dos mais simplesinhos mas é eficiente em sua proposta inusitada, arrancando alguns risos, embora se delongue demais. Nota: 7.
O sonhador Esse é para mim o melhor do filme. A trama em torno do rapaz que acredita que nos EUA vai ter mais sorte com as garotas e vai se afogar de tanto fazer sexo é executada de forma original. Como o amigo do personagem, todos nós estávamos extremamente céticos, certos de que ele não seria bem-sucedido em sua empreitada. A própria trama normalmente caminha nesse sentido, mas, ao contrário, temos uma conclusão inusitada e bem divertida, com a lição de que não devemos desistir de nossos sonhos, mesmo que sejam sexuais ou improváveis. Nota: 9.
O adúltero O plot do Alan Rickman, que começa até bem, mas que acho que faltou desenvolver uma ou outra questão um pouco mais a fundo. A conclusão ficou um pouco solta. Nota: 7.
A portuguesa Esse segmento é interessante pela personagem portuguesa e pelas falas em português, mas fora isso entrega uma trama de romance bem lugar-comum, apesar de que é bem executada no geral. Nota: 7.
O talarico. Caramba, é o cara lá do Walking Dead kkkkkk. Esse segmento eu realmente não entendi. Qual a lição? De todo modo, o Rick levou o troco da talaricagem quando o Shane pegou a esposa dele. Nota: 7.
Por fim tem também o do Rodrigo Santoro, mas esse achei bem esquecível, quase irrelevante. Lembro tão pouco que arrisco dizer que poderia até ter sido cortado. Nota: 7.
Em suma, filme good vibes para o Natal, com um humor que funciona, personagens bonzinhos e romances fofos, permeado por um excelente elenco, enquanto analisa o amor em suas mais diversas formas, o primeiro amor, o início de o casamento, o fim de outro, o desgaste de outro, o lado sexual, etc. Nota: 8.1.
Se discordei com o fato de Um Sonho Desfeito ser o filme da Deanna com menor nota no IMDB, tenho que concordar com a nota baixa desse daqui, que é o segundo com a menor nota naquele site. De memória, aliás, acho que é o pior filme protagonizado pela atriz. E vários são os motivos. Não vou reclamar do fato de ser um filme de guerra. O contexto da época exigia isso e é até interessante de assistir sob a perspectiva atual. A ideia de ser uma continuação, fechando a trilogia de 3 Pequenas do Barulho também é interessante, pegando Penny, uma personificação da inocência da década anterior (dominada por atrizes e atores mirins, como a própria Deanna, Shirley Temple, etc) e colocá-la, agora adulta, em um contexto mais sério, de guerra. Na verdade, os dois principais problemas são a ausência das outras irmãs (mal são citadas) e o casal protagonista. Arrisco dizer, aliás, que foi o pior par romântico de Deanna. E o problema nem é o ator, ele até se esforça. A questão é que o relacionamento dos dois já começa ruim, com um beijo roubado do absoluto nada, ou aquela frase que contraria o "não é não". E a Penny, que estava totalmente desinteressada, apaixona pelo traste "porque sim". Mas, não só isso, faltou química. Parece que o ator do Bill, tentando se esforçar no dilema do protagonista, que ama a aviação e receia se apaixonar ou fazer alguém se apaixonar por ele e depois sofrer caso ele morra, acaba não se entregando ao par romântico e quebrando a química entre os dois. Bill é mal escrito, confuso, mal trabalhado e o dilema do casal protagonista não ser tão bem construído prejudica muito o filme e seu arco dramático. Já sobre a ausência das irmãs, realmente seria mais interessante vê-las trabalhando na fábrica de aviões, ou mesmo uma delas sendo a personagem que perde o marido na guerra. Pelo menos os pais de Penny retornam e até aparecem bem, embora estejam naquela cena bizarra que exibem filmes da Deanna como se fossem gravações caseiras. Se são gravações caseiras quem raios filmou aquilo? Bom, de bastante positivo, além da sempre boa presença de Deanna, temos um humor muito bem executado e que tira algumas risadas, principlamente envolvendo o pai de Penny. Aliás, não sei porque Beguin the Beguine concorreu ao Oscar. Deanna cantou várias músicas mais marcantes ao longo de seus outros filmes. Nota: 6.7.
Sério, continuo sem entender o que Scorsese tem de tão extraordinário. Sim, costumo dar 4 estrelas para o filme dele, mas porque são bons filmes. Mas raramente assisto algo dele que considero realmente excelente. Talvez só Taxi Driver. E, o que dizer de Cassino, que é uma produção com Scorsese em total zona de conforto, como comentaram abaixo¿ Sim, o cara que falou que Marvel não é cinema nos entrega um filme totalmente encaixado no formulaico de suas outras produções baseadas em fatos, com todos os clichês e repetecos do modo do diretor de fazer cinema. Protagonista começa por baixo, tem algum talento que o faz se destacar, eventualmente se envolve com criminosos (a máfia, no geral), enquanto se apaixona por uma bela loura, resistente a ele no início, se casam, o casamento é meio tratado à parte, o tempo vai passando, surgem filhos que são quase figurantes, mal são citados mas aparecem casualmente em algumas cenas como para mostrar alguma vida comum do protagonista mas que não é o foco, aparecem problemas conjugais, o casal se separa, a polícia finalmente aperta o cerco, o protagonista é pego e termina decadente, mas ainda com alguma glória ou perspectiva. Filmes como Touro Indomável e Bons Companheiros. Aliás, não fosse a presença de Ray Liotta no filme de 1990, eu diria que Cassino e Bons Companheiros foram gravados juntos, tal a semelhança de roteiro, direção, fotografia, papéis dos atores, etc. É quase como se pegassem Robert DeNiro e Joe Pesci, eles gravassem a cena de bons companheiros, alguém rodasse o cenário atrás mudando para o do Cassino, trocassem o figurino deles e gravassem agora Cassino. Em essência são o mesmo filme, só muda o cenário e a época que se passa. Inclusive, minhas reclamações com Cassino são praticamente as mesmas. Escrevi em Bons Companheiros que “uma narração incessante, enquanto o filme segue o mesmo tom monocórdico, expositivo e linear até o seu fim.” Mesmíssima reclamação aqui, é quase como se Scorsese, ansioso por expor a fantástica narrativa dos acontecimentos reais, acaba por suprimir a estrutura cinematográfica em prol de nos contar a história que aconteceu na vida real. Totalmente expositivo, principalmente nos primeiros 20 minutos, de um jeito que beira o ridículo, quase documental, o tipo de coisa que a crítica cai em cima quando é um filme blockbuster ou de terror, por exemplo. Também comentei que “a cena inicial nos deixa curiosos por algo que nem vai ser tão relevante assim”. Curiosamente o mesmo acontece em Cassino, apesar de que a cena da explosão do carro é muito bem filmada, mesmo que a presença da narração que eu já reclamei. Falando em narração, é cabível citar, por exemplo, a narração que surge do absoluto nada em “Oito Odiados”. É um exemplo do tipo de ousadia, criatividade e inventividade que não vejo na maioria dos filmes de Scorsese. São filmes bem dirigidos no geral e só. Aqui, apesar disso, não senti aquilo que costumo sentir nos filmes do diretor, que ele demora demais para estabelecer a narrativa, quais vão ser os conflitos, etc. Apesar da introdução longa, de cara já somos apresentados a vários dos elementos do filme. Nosso protagonista, aliás, é uma concha vazia. Não é explorado, exposto, apenas existe. E, mais uma vez, o caso do personagem poderoso que consegue convencer uma dama indomável e bela a se casar com ele, gerando problemas no casamento, mais um Scorsese típico. No final, as únicas coisas interessantes são ser baseado em fatos e a violência brutal que ora pula na tela de forma crua e sem avisos. Nota: 7.2.
Questão de Tempo é temática e conceitualmente interessante. O gênero em si é o romance, mas, possui um toque de fantasia quando dota ao nosso típico protagonista do gênero o poder de viajar no tempo. Sim, o personagem principal possui tal notável habilidade e a usa para poder conseguir uma namorada e eventual esposa. Milhões são as possibilidades que o poder de viajar no tempo pode desencadear, e usar tal poder com o propósito do filme soa estranho. É quase como se, na verdade, o artifício da viagem no tempo fosse algo inorgânico, mero artifício de roteiro. Como se o roteirista do filme estivesse escrevendo um típico filme de romance e começasse a brincar com possibilidades distintas de prosseguir a trama e quisesse colocar isso no filme. O poder de viajar no tempo do protagonista não soa como algo real na trama, e sim como um exercício narrativo de estilo, explorando possibilidades roteirísticas e as usando como forma de brincar com os caminhos narrativos, com as escolhas do protagonista, com suas consequências ou como nem sempre é possível mudar as coisas, usando, assim, o artifício da viagem no tempo também para passar lições e ensinamentos ao público. Sim, não há nada de depreciativo nesta forma de usar a viagem no tempo. Ademais, se começarmos a pensar muito no poder do protagonista, fadados estamos a entrar numa espiral de questionamentos e paradoxos e, como romance com pitada de fantástico (e não de ficção científica) é claro que este não é o objetivo do filme. Reparemos, por exemplo, na questão da irmã do protagonista, aquela que é a mais em termos de dinâmica de viajem temporal. Ele muda e depois “desmuda”, mas não temos garantias de que depois de “desmudar” tudo voltaria ao mesmo eixo. Ou a forma como ele simplesmente a leva ao passado sendo que em nenhum momento foi estabelecido que existisse essa possibilidade. Mas, como eu disse, a viagem no tempo é um artifício narrativo para brincar e modelar possibilidades do roteiro, não sendo uma temática da trama a ser discutida (o tempo, em si, é o que é discutido pelo filme, e não a habilidade de viajar por ele). E isso é positivo pela forma inusitada e leve com que um poder fantástico é tratado. Pois ser leve é o principal objetivo do filme. Seu humor, sua condução, seu tom são leves. Os personagens também são quase todos (com exceção do namorado da Katherine) leves, altruístas, tranquilos, gentis. O que é ótimo, evitando um clichê do drama ou dos romances que pendem mais para o drama, em que o protagonista discute com a esposa-namorada, discute com seu pai, com sua mãe, etc. Aqui, pelo contrário, não possui desentendimento como motor narrativo (um clichê que é pouco apontado, pois, aparentemente, só quando filmes de terror são clichês é que as pessoas notam), mesmo em relação à Mary e sua sogra, que faz alguns comentários sarcásticos sobre ela. Claro, alguns clichês não são evitados, mas, como sempre digo, a depender da execução, dos motivos que tal clichê foi colocado, ou de todo o resto do roteiro e a quantidade de outros clichês, é sempre possível relevar alguns clichês, por pior que sejam. Sempre reclamo, por exemplo, dos filmes com pegada mais dramática SEMPRE
usarem a morte de um personagem querido (geralmente uma figura paterna e geralmente de câncer) como motor narrativo para o clímax, e o mesmo acontece aqui, mas, devido a todo o resto da obra e a forma como esse clímax clichê foi executado,
pela primeira vez relevei o clichê que mais odeio, o que demonstra o cuidado com que o roteiro e a direção (além de atuação, fotografia e demais elementos) tratam o filme. Por fim, tocante e marcante foi a conclusão, o ensinamento que nosso protagonista tirou disso tudo. E, embora não tenhamos o poder de viajar no tempo e presenciar, na prática, esse ensinamento, podemos nos permitir exercitar as possibilidades, sonhar com as conduções diferentes que nossa vida, com o que teríamos feito diferente se pudéssemos viajar no tempo. Um exercício puramente mental, não executável na prática, claro, e que demonstra que o ensinamento final do filme é puramente perfeito. Valorizar os momentos do agora, retê-los na memória, sem necessidade de mudá-los ou desejar efusivamente de que fossem de outra forma.. pois, quando tratamos sobre o tempo, é o presente o que temos de palpável. Nota: 8.6.
Star Wars, Episódio V: O Império Contra-Ataca
4.4 1,0K Assista AgoraRevendo agora, 3 anos depois do meu comentário, tenho apenas um adendo a fazer. Comentei que "a captura de Luke no início e as batalhas nesse planeta Hoth não parecem ter muitas consequências narrativas ou se esforçam para ter". Bom, depois fiquei sabendo que Mark Hamill se acidentou entre Uma Nova Esperança e este filme, e ficou com cicatrizes no rosto, por isso o ataque do monstro no início do filme, para justificarem as novas cicatrizes.
A Saga Crepúsculo: Amanhecer - Parte 2
3.0 4,0K Assista AgoraArgh. Finalmente essa auto intitulada saga acabou. Repleta de personagens mal escritos, falta de criatividade enorme e diversos conservadorismos em suas parcas tramas. Bom, na verdade os filmes assumirem uma posição política conservadora não é algo ruim em si (Forrest Gump o faz e gosto do filme), mas somado aos outros péssimos elementos acaba por ser mais um incômodo ao assistir essa franquia. Já sobre a falta de criatividade, deslancharei mais adiante.
O filme já abre com a MELHOR CENA DA “SAGA”. Temos uma Bela completamente liberta e feliz, mostrando seus poderes após ser transformada em vampira. Aí o Edward dá o toque e fal que nem tudo são flores e que a sede de sangue é sufocante e blá blá blá. Nesse momento Bella coloca a mão na garganta e faz a maior cara de sede de toda a história. Ela não estava sentindo sede antes não? A sede começou na hora que Edward falou? É esse tipo de falta de sutileza gigantesca e frequente que escancara o quanto essa “saga” é intragável, embora garanta boas gargalhadas involuntárias.
Bom, de cara já nos entregam efeitos especiais horríveis com a Bella e o Edward correndo no mato. Acho que o gasto orçamentário foi todo para os efeitos usados na Bella grávida no filme anterior mesmo. No fim, o melhor mesmo (embora também não seja grandes coisas) nos quesitos técnicos e artísticos, como direção, fotografia, etc, foi a parte 3 mesmo.
E aí veio o CGI da Renesmee, para piorar muito o que já estava ruim. Não há muito que se falar, todo mundo já viu essa atrocidade cinematográfica, todo mundo já discutiu e, sinceramente, uma vez que você se depara com a Renesmee de CGI você jamais esquece, é simplesmente horrendo. Por qual motivo fazer um bebê de efeito especial? Sério, esse filme fede há lavagem de dinheiro, só pode.
Até chega a mostrar a Bella na caça, mas algo que deveria ser visto como algo vulgar, nojento, com nossa heroína repleta de sangue enquanto o chupa de um animal, é retratado com todo um glamour, não mostrar diretamente a ação de beber o sangue, numa forma estranha de ocultar a nova natureza das trevas da protagonista. Isso acontece porque iria de encontro com a ideia contraditória que pauta a franquia. Bella tem uma vidinha confortável, mas é depressiva e não consegue se encaixar, buscando no vampirismo sua fuga da realidade, mesmo que os vampiros sejam (em teoria) criaturas das trevas, que vivem em sofrimento quando optam por não ferir humanos, ou são maus quando decidem que se alimentarão de pessoas, as vezes se sentindo culpados quando não resistem.
Entretanto, o filme é péssimo ao tratar a questão da transformação de Bella, mostrando que virar vampira foi o melhor coisa que já aconteceu na vida (ou seria na morte?) dela. Ela não sofre pela sede. As questões de ser eternamente jovem e imortal e da família dela não a abalam ou interferem negativamente na vida-morte dela. Ela ter que se afastar dos amigos também não tem a menor importância, visto que eram personagens inúteis que foram descartados no filme anterior e jamais serão mencionados de novo. Tudo são flores e maravilhas sendo vampira (até o apetite sexual), de forma que perde todo o sentido a resistência de Edward em transformá-la. Não há sofrimento em Bella Swan após sua transformação. O único ponto positivo foi que agora ela pode assumir mais as rédeas de protagonista da história, sem toda aquela apatia.
Aliás, alguém me explica por qual motivo a Bella ficou fula com o imprinting do Jacob? Ela não devia ter ficado feliz que ele largou dela e ainda arrumou alguém, mesmo que futuramente? Sério, Jacob era um personagem promissor no segundo filme, e foi seguidamente destratado ao longo dos outros, a ponto de aqui ser tratado como cachorrinho e nem reagir, exceto, claro, na famigerada cena em que ele se despe na frente do pai da Bella, que consegue ser ainda mais passivo que o Jacob (a cena dele vendo que a Renesmee já é criança mesmo tendo meses de vida é hilariantemente patética).
Falando nisso, a Renesmee crescendo rápido mais rápido que uma criança normal é conveniente e sem sentido, o tipo de forçação da trama, já que não dava para ficar com ela bebê pois atrapalharia a narrativa. Aí inventaram esse artifício sem sentido, pois não tem motivos relacionados à mitologia dos vampiros para ela crescer mais rápido, apenas a conveniência do roteiro. Mas, sendo franco, esse nem é um problema tão grande, não chega a incomodar se compararmos a todas as outras falhas da franquia, é um mero peido no meio da cagada que é a franquia.
Questionamento mais relevante é em relação aos filhos entre vampiros e humanos. Por qual razão praticamente não tinha precedente de filhos entre vampiros e humanos? Certo, humanos são “comida” para os vampiros, mas é demonstrado que parte da comunidade vampírica é vegetariana, portanto deveríamos ter mais relacionamentos entre humanos e vampiros, não? Talvez a resposta seja que a comunidade é secreta e por isso não podem se revelar, além de “espancarem” o parceiro no ato sexual, e por isso talvez humanos e vampiros apaixonados só se relacionam depois que um dos parceiros se transforma, mas, enfim, nada disso é explicado. E, mesmo assim, é estranho que ao longo de centenas de anos não existam registros de uma humana grávida de um vampiro.
Aliás, como os vampiros brasileiros e egípcios escondem a identidade secreta, já que nesses locais faz bastante sol?
O filme até consegue se conduzir de forma mais interessante ao apresentar personagens com background e personalidades distintas, apesar de que essa ideia de cada um ter um poder faz o filme virar X-Men.
Igualmente boa e ruim é a batalha final. Sim, temos uma luta bem-feita, acho que algo inédito na franquia, pois a cena é carregada de tensão e boas lutas. Entretanto, se pararmos para pensar mais um pouco vamos ver como a batalha é fajuta. Mesmo sabendo da alta possibilidade de uma peleja, os Cullen não planejaram um mínimo de estratégia na batalha. Os lobos, por exemplo, poderiam ter sido utilizados como elemento surpresa, seria extremamente eficaz.
Também evidencia essa falta de planejamento a personagem da Dakota Fanning. É a mais poderosa dentre os vilões e mesmo assim levaram uma eternidade para atacá-la, ao invés de a Bella usar sua imunidade e de pronto tentarem matar a vilã. Não. Simplesmente enrolaram uma eternidade até a vilã causar várias mortes.
E aí temos a questão de ser tudo uma visão, um movimento do roteiro que, confesso, não consigo formular muito bem se foi positivo ou negativo. Por um lado, ajudou a entregar uma batalha ousada, em que vários personagens foram “mortos”, mesmo que no final nada disso tenha de fato acontecido. Além disso, acaba entregando uma reviravolta, uma surpresa interessante numa franquia carente de inventividade. Por outro, não dá para deixar de pensar que foi um movimento mais baseado na covardia do que na inventividade, afinal, queriam entregar ação e mortes, mas não tinha a coragem de fazê-lo. Enfim, difícil decidir se no final essa reviravolta foi boa ou ruim.
Podemos ainda pensar que, agora, sabendo qual seria seu futuro, o vilão poderia readequar as condições de batalha e evitar sua derrota ou morte. Ou seja, não sei por qual motivo essa visão realmente interferiria na decisão de não batalhar. Talvez ele fosse arrogante e achasse que os Cullen não teriam chance, e, vendo que poderia sim ser derrotado, não quis arriscar mais. E, vamos ser francos, os Cullen, mesmo com a ajuda, não seriam nunca páreo para um exército treinado e numeroso como o dos Vulture, maaaaaas, personagens protagonistas derrotando vilões milenares e muito mais poderosos é algo frequente nas narrativas de fantasia, então acho que dá para perdoar. Digo “acho” pois geralmente tem algum artificio para que os protagonistas consigam superar os vilões, como alguma magia conveniente (Harry Potter) ou imunidade gordural (Kung Fu Panda), enquanto aqui em Amanhecer não é exposto nenhuma razão para a surra aplicada no exército dos Vulture.
E, agora, a franquia se conclui. Ah, vamos ser francos. A gente se divertia com essa “saga”, reclamando, digladiando com adolescentezinhas bestas que não sabiam quem era Stephen King, vendo vídeos do Felipe Neto e apontando erros nos filme até onde eles não existiam. No final, a saga deu uma sumida, pois o público alvo cresceu e acredito que a grande maioria percebeu a bestagem que era isso daqui, mesmo que ainda guardem algum carinho por essa auto proclamada saga.
E, como se ainda não bastasse o comentário gigantesco, acabei de lembrar que não comentei sobre o imprinting. Sim, é problemático, mas talvez dê para passar pano e... ah, cansei, já gastei tempo demais comentando nesses filmes da franquia, deixa minhas impressões sobre o imprinting (hê hê hê) para lá.
Nota: 6.8.
Ranking da franquia:
Crepúsculo - Nota 7.
Amanhecer Parte 2 - Nota 7.
Eclipse - Nota 7.
Amanhecer Parte 1 - Nota 6.
Lua Nova - Nota 6.
Média da franquia: 6.6.
Paprika
4.2 503 Assista AgoraA animação é bem bonita. A trama é complexa, repleta de personagens e idéias, a ponto de ser surreal que consiga ter sido executada em um fiilme de apenas uma hora e meia. A complexidade é gradativa, de início parece que o filme vai ser complicado, e aí a partir do segundo ato você realmente confirma a complexidade rs. Enfim, gostei bastanta também da forma como a realidade, as sensações e os subconscientes dos personagens são representados nos sonhos, principalmente no terceiro ato, repleto de metáforas presentes nos sonhos, o que poderia render um longos comentários e análises dos pormenores.
Nota: 8.7.
Barbie
3.9 1,6K Assista AgoraLACROU. Só que não. Na verdade, Barbie é um filme bem sensato, mas destrincharei isso melhor...
Primeiro, ótimo o Oscar ter reconhecido um filme fora daquele padrão de dramas e cinebiografias que sempre concorrem. Claro, a decisão provavelmente foi para ter presente um filme de massa e aumentar a audiência, ainda mais com o conhecido fenômeno do Barbenheimer, sendo dois dos filmes de maior destaque desta edição. E isso fica evidente no fato de que a produção não ganho praticamente Oscar nenhum, sendo praticamente indicações de fachada. Mas, indicações mesmo assim.
De toda forma não concordei muito com a indicação de America Ferrera. A personagem dela praticamente não exige atuação e, nos poucos momentos que exige, a atriz não demonstra nada de extraordinário a ponto de valer uma indicação.
Já a atuação de Ryan Gosling como Ken não há muito que se falar que já não tenha sido comentado, sendo uma performance bem elogiada pela energia e pelo humor, e valorizada também por ser o personagem mais interessante do filme. Ryan Gosling entrega uma atuação intencionalmente cafona e exagerada, mas sem deixar de imbuir a carga dramática necessária para manter o personagem interessante. Para mim merecia bem mais o Oscar de melhor ator coadjuvante.
O design de produção é lindo, é verdade. Mas não deixa de ser pautado em ideias óbvias. O problema é que realmente deveria estar atrelado a essa obviedade, não pode fugir disso, afinal, é a construção do Barbieworld, baseado em elementos já existentes do brinquedo, mas não deixa de ser interessante ver os elementos dos brinquedos tomarem forma numa produção cinematográfica.
Estranho mesmo é o personagem do Michael Cera. Confesso que não consegui identificar muito sua função... Certo, ele representa um boneco obscuro da linha de brinquedos, mas acho que a intenção era apenas funcionar como alívio cômico em um filme que já é de comédia, o que não tem muito sentido. E, pior, ele falha como alívio cômico. O filme, a partir de seu segundo ato, começa a executar bem as questões de humor, com exceção exatamente do personagem criado apenas para o humor. E, mais grave ainda, o ator mais engraçado a pisar em Hollywood, Michael Cera, o sujeito que só de você olhar para a cara dele já te faz rir, NÃO FUNCIONOU como humor em um filme de comédia. Surreal.
Talvez o personagem seja também para representar um público LGBTQIAP+? Ou para representar que nem todo homem se pauta em estereótipos ou interessa pelos assuntos socialmente relacionados aos homens? Não fica claro também, o que demonstra uma fragilidade narrativa nesse ponto.
Aliás, no início não estava gostando do humor mas, a partir da parte do patriarcado no mundo real o humor melhora bastante, possuindo ótimas tiradas em relação a questões sociais, além de referencias ao cinema, como a O Poderoso Chefão, e à própria cultura Barbie.
Sobre a não indicação de Greta Gerwig a direção é difícil opinar sem ter visto os outros trabalhos, porque em Barbie o trabalho dela é ótimo sim, mas não chega a ser espetacular. Ela dosa muito bem humor, crítica, ação sem cair em pastiches, pastelões ou perder a seriedade de sua pauta (algo que, na minha opinião, Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo falhou), ao mesmo tempo que entrega um filme supostamente voltado ao público infantil. E, sim, Barbie é em essência e proposta um filme voltado para as crianças público da boneca Barbie. Acontece que realmente é difícil para eu avaliar se o filme foi eficiente nessa questão, não sei qual foi a opinião das crianças que assistiram o filme, mas para mim ele teve elementos suficientes para funcionar para o público jovem, apesar de que na prática caiu mesmo nas graças do público adulto.
Sobre o tema o filme está longe de ser uma obra de “lacração”, como um público conservador insiste em dizer. Citando Pablo Villaça, os conservadores parecem só enxergar comentário políticos em filmes quando não concordam com esses comentários. Política, opiniões, conservadorismos e progressismos estão presentes em praticamente todas produções, algumas em quantidade absurda a ponto de o filme se perder, sim, mas não é o caso aqui. Barbie discute os temas sem forçar pautas ao público ou sem destruir sua narrativa e proposta, sem “tirar” o público da trama. O problema é que qualquer opinião contrária, por mínima que seja, parece já ser, atualmente, suficiente para o enfurecido público conservador taxar o filme como “lacração” ou “woke”. Nos anos 1980 ninguém ficava taxando (até onde sei) os slashers e filmes de brucutus de conservadores, por mais que o fossem. E dizem que a gente é a geração mimimi. Enfim, Barbie tem um discurso feminista condizente com a proposta da boneca, de representar a mulher em vários espaços, embora, claro, isso não tenha sido suficiente para alcançar a igualdade entre sexos, algo que as bonecas em si desconhecem. Mas, em que pese esse discurso, em nenhum momento os homens são deturpados. Claro, são retratados genericamente como fãs de esportes, cavalos, individualistas, mas até isso é discutido no final do filme, abrindo pauta para que não só as mulheres, mas os homens não precisam estar atados aos paradigmas sociais de gênero. Oras, esse discurso já tem o que? Uns 100 anos?
Enfim, o filme ainda crítica fortemente a juventude militante, representada pela filha da personagem da America Ferrera, que, garota progressista, pratica o que chamam de “ódio do bem”, não hesitando em ferir os sentimentos da Barbie ao enxergar nela um símbolo de retrocesso. Enfim, dá para assistir sem se ater só às críticas sociais, tem diversão, vilões, etc, e mesmo as críticas sociais não são extremas, tratando de temas já batidos que não consigo imaginar ninguém sendo contrário. Ou alguém aí realmente acha que lugar da mulher é na cozinha ou servindo os homens, como acontece no filme?
Bom, tem ali também um discurso de que o homem não precisa necessariamente ser “gado” ou viver às custas de mulher, seja no matriarcado, seja no patriarcado, representado pelo Ken saindo da sombra da Barbie no final.
E, em relação aos executivos da Mattel, temos aqui uma decisão corajosa, de retratá-los todos como homens, ávido por dinheiro a qualquer custo e com apenas a questão financeira em mente, mesmo quando agem de forma progressista, abrindo o filme crítica ao fato da baixa representatividade feminina em uma empresa que tem uma boneca em seu expoente máximo. Bom, os executivos, na vida real, talvez tenham permitido essa visão nada glamorosa sobre eles mesmos no filme pois, afinal, isso iria dar dinheiro, e esse é o objetivo da produção. Os envolvidos não importam de serem retratados da forma que foram pois o filme Barbie vai reder dinheiro. Mas, de toda forma, mesmo apresentando um leve antagonismo, em nenhum momento os executivos da Mattel são realmente taxados como vilões.
Enfim, finalizando esse cometário gigantesco, tenho a dizer que não gostei do final. Curiosamente, também não gostei dos minutos iniciais, os diálogos no início e no final são esquisitos. A forma como se conclui, o destino dado à Barbie e a cena final não me agradaram muito. Mas, gostei bastante do filme apesar disso.
Nota: 9.0.
Hellraiser II: Renascido das Trevas
3.4 304 Assista AgoraEssa é uma das melhores Parte 2 do terror, de memória acho que apenas Brinquedo Assassino 2 é melhor. Em princípio parece que irá seguir a velha sina de remakizar o filme anterior, na questão de trazer de volta alguém que veio do inferno à sua forma corpórea. Entretanto, diferente da parte 1, essa trama não é o foco e o filme desenvolve para outros lados, pegando um pouco da questão do manicômio de forma levemente semelhante ao A Hora do Pesadelo 3. Repleto de violência, situações e cenários surreais, e aqueles efeitos grotescos e práticos de criaturas bizarras (excelentes, por sinal), o filme expande a mitologia da parte 1, embora não seja superior ao primeiro filme.
Minha única ressalva é quanto à questão que envolve os cenobitas e seu
passado humano. Nada contra a ideia de que eles anteriormente foram pessoas que buscaram o cubo e por isso viraram criaturas do inferno. Mas, na cena que a protagonista os confronta com isso, e eles se lembram do passado humano deles, não entendi o motivo deles terem sido legais e bonzinhos. Sejamos francos, se eles buscaram o cubo e ainda foram designados para serem cenobitas, certeza que eles não eram boas pessoas. Assim, mesmo que se recordassem do passado humano, por qual motivo eles demonstrariam solidariedade, sendo que eles não eram boas pessoas? Enfim, essa ideia de colocá-los agora como mocinhos não me desceu
Mas, apesar dos pesares, continua na prateleira de melhores continuações da história do terror. E, considerando a qualidade pavorosa dos filmes da franquia que viriam, temos que valorizar essa parte 2 mais ainda.
Nota: 8.8.
Help!
3.9 151 Assista AgoraÉ a quase a mesma coisa que comentei em A Hard Day’s Night. A diferença é que ao invés de não ter trama nenhuma e ser baseado no improviso como os Reis do Iê Iê Iê, Help! possui uma ótima premissa e... bom, é só isso mesmo. A premissa envolvendo o anel é uma boa ideia que é delongada à exaustão, sem apresentar alguma trama para essa premissa. Evidência disso é a clássica mudança de locações para tentar fazer (ou fingir que faz) a trama andar. Maaaaaas, apesar dos pesares, é um filme dos Beatles, com ótimas músicas e algumas situações engraçadas (a casa dos Beatles, por exemplo). Entretanto, ainda acho que A Hard Day’s Night funcionou melhor em sua proposta e no humor empregado.
Nota: 7.9.
O Primeiro Amor
3.6 3Este é o filme de Denna com terceira melhor nota no IMDB. Concordo em partes com a alta avaliação.
Trata-se de uma adaptação moderna de Cinderela, embora tal não seja explicitado no título ou no cartaz, sendo percebido apenas no decorrer do filme. E, sim, a forma como adaptaram e atualizaram a história foi ótima, principalmente na figura dos empregados da mansão. Entretanto, senti uma postura aparentemente conservadora nos subtextos da trama. Em primeiro lugar, uma defesa aparentemente patriarcal,
como se o senhor da casa, o homem, é o responsável por colocar a ordem e garantir o correto funcionamento do lar e, caso ausente-se, o caos reina, evidenciado isso pela forma como foi necessário que o pai colocasse ordem nas coisas.
Outra questão é o discurso de que a mulher não suporta viver sozinha, se tornando amargurada caso desista de um (bobo) amor juvenil para tentar viver por conta própria, sendo este discurso evidenciado ao longo do terceiro ato, e coroado com a belíssima ária de Madame Butterfly (como de praxe, todas as músicas dos filmes de Deanna são boas). Sinceramente, o destino de da personagem de Deanna ser viver o resto da vida solteira e amargurada porque decidiu ganhar o sustento por conta própria após acreditar não ter sido correspondida pelo PRIMEIRO AMOR (que, aliás, é um galã feio) é um discurso problemático. Ainda mais se considerarmos que o tal galã só despertou o interesse da garota por ser rico e popular.
Aliás, esse foi o primeiro beijo de Deanna na tela, apesar de alguns parzinhos românticos nos filmes Idade Perigosa e Louca por Música, Deanna ainda era adolescente e só aqui, já mais amadurecida, foi ter seu primeiro beijo, sendo tal um dos ditames na divulgação do filme, representado inclusive pelo título “Primeiro Amor”.
Temos aqui também a tradicional conclusão apressada. Não sei o motivo dos filmes de Hollywood dessa época terminarem logo após o clímax, não apresentando uma conclusão narrativa ou apressando a resolução da trama.
Bom, mas apesar da condução esquisita do terceiro ato, o resto do filme (e a presença de Deanna) são suficientes para relevar levemente esses problemas, não prejudicando o filme.
Nota: 8.6.
Star Wars, Episódio IV: Uma Nova Esperança
4.3 1,2K Assista AgoraRevendo agora, tenho apenas um adendo em relação ao meu comentário de 3 anos atrás. Este filme possui realmente bastante trama política, incluindo uma cena em que os vilões se reunem e discutem termos e política em relação aos rebeldes, além de ter bastante substrato e worldbuilding, principalmente referenciando eventos do passado que serima mostrado em filmes subsequentes. Ou seja, é curioso que tenham havido reclamações sobre a trama política nas prequels (no primeiro filme realmente foi meio exagerado a quantidade de política, não nego), como se política e Star Wars não se misturassem. Mais bizarro ainda foi Despertar da Força, que abandona qualquer trama nesse sentido.
Nota: 9.4.
Disque M Para Matar
4.4 680 Assista AgoraAcho que esse é o filme mais hitchcockiano de Alfred Hitchcock. É basicamente o suspense pelo suspense, sem enveredar e abusar de explorar outros elementos e gêneros cinematográficos (como o romance, frequente na filmografia do diretor). Peça chave para resolver um caso, um corpo, trama complexa envolvendo assasinato, busca pela justiça, história se passando quase que exclusivamente num mesmo ambiente, enfim, essência pura do mestre do suspense.
Hitchock, aqui, constrói muito bem o filme. A questão do suspense é bem tramada e te deixa preso o tempo todo nos acontecimentos da trama, na forma como as situações vão se contruindo. O diretor também demonstra habilidade gigantesca na direção, considerando ser um filme basicamente dialogal e, nas cenas que envolvem os diálogos, Hitchcock habilmente conduz uma trama quase literária de forma que o público não fique perdido na história, mas a compreenda em todos os seus pormenores. Enfim, considero esse um dos melhores trabalhos de Hitchcok na direção, apesar da nomeação do Oscar ter sido para Janela Indiscreta. Sim, Janela Indiscreta é um filme levemente melhor, mas mais pela sua proposta e pelo todo. Em matéria de trama direção e condução da narrativa, Disque M para Matar é superior.
Nota: 9.1.
Amores Expressos
4.2 355 Assista AgoraGostei mais de Fallen Angels, acho que por ser mais estilizado, além de mesclar melhor as várias histórias. Esse daqui tem a primeira meia hora numa história que não empolga muito, enquanto a segunda história é bem mais interessante. A forma como o romance é construído foge totalmente dos clichês, repleta de nuances na construção bem diferentes da forma como os filmes constroem esses relacionamentos. E toca California Dreamim', uma das minhas músicas preferidas, à exaustão, o que por si só é ótimo.
Nota:
P.S.: acabei de ver aqui que meu comentário foi completamente o oposto da opinião do comentário abaixo kkkkk. Gosto realmente é algo variado.
Nota: 8.2.
Clube dos Mentirosos
2.9 4Um ótimo roteiro entregue nas mão de uma produção para a TV. É como pegar usar pérolas para enfeitar um Crocs, que horror. Ou fazer uma calça saruel com o mais caro veludo. Enfim, a trama do filme é ótima, mas a produção para a TV fez essa obra ser esquecida. O mesmo roteiro produzido num grande estúdio, lançado no cinema, poderia ter gerado um clássico, ou, talvez, um filme mais lembrado hoje em dia. Não que a produção televisiva envolvida aqui seja ruim. Os atores até dão conta do papel no geral, e a direção consegue entregar segurança na condução do filme, embora em um ou outro momento falte um pouco de ritmo. Curioso também como anteveu a onda de filmes no estilo de "Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado", em que personagens se unem para encobrir um assassinato.
Enfim, ótimo filme que se perdeu por ser uma produção televisiva, e, infelizmente, padece hoje em completa obscuridade.
Mais um filme da série "se eu não tivesse o VHS aqui em casa jamais saberia da existência".
Nota: 8.6.
Fortuna Maldita
2.7 78Longa do mesmo diretor do melhor segmento de VHS 2 (aquele que envolve a seita). Confesso que mesmo assim esperava menos, achei que seria algo na linha das tosqueiras do Rocky Soraya, que faz um pastiche de "Invocação do Mal" com dramaticidade de novela mexicana. Aqui, pelo contrário, temos um filme mais solidamente dirigido, com boas ideias na construção da tensão e da narrativa. E realmente estava um filme muito bom até o momento que vira "Evil Dead". Pelo que li o diretor é fã da franquia, mas nada justifica o quanto o filme copia a obra de Sam Raimi. Ficou muita cópia e pouco homenagem e isso me tirou por completo da narrativa. Até tem umas boas ideias nesses momentos mais "Evil Dead" na construção da tensão, mas não foram suficientes para mim. No final, a conclusão é que o filme ia bem, mas acabou desandando.
Nota: 7.7.
Slayed
2.1 3Não entrega nada além do esperado, sendo um exemplar típico do seu gênero. Filmes de terror atuais, com baixo orçamento, quase caseiros, que até se esforça para entregar um material bom, parecendo ter sido feito realmente por fãs do terror. Pega a premissia fácil da data comemorativa e da utiliazção de espaços isolados (uma estação de tratamento, no caso). Também tenta ter uma reviravolta interessante, mas, realmente, não sei se foi óbvia, mas eu saquei ela com enorme facilidade desde o início do filme. Mas, apesar disso, a reviravolta é coerente e bem construída, se bem me lembro.
Nota: 6.6.
Fale Comigo
3.6 967 Assista AgoraMais um excelente exemplar do pós-horror e forte candidato à lista de melhores filmes de terror da década. Por enquanto, do que assisti, é o melhor filme de terror da década, embora ainda tenhamos vários anos pela frente.
Já vou começar meu comentário com uma reclamação recorrente minha, sobre como os clichês do terror são hiperdestacados pelo público e crítica enquanto clichês de outros gêneros são ignorados. É um fenômeno estranho, em que os clichês dos “dramas Oscar” são comumente ignorados, enquanto basta um filme de terror ter UM mísero acontecimento clichê para já ser depreciado e detonado, usando isso para depreciar o filme e o gênero terror. Aconteceu com Hereditário. Aconteceu com esse daqui. Algo injusto, pois “Talk To Me” é tudo, menos clichê.
Digo isso pois fazia um bom tempo que algum filme não me deixava perdido como “Talk To Me” me deixou. Enquanto na maior parte dos filmes conseguimos entrever os rumos narrativos, “Talk To Me” me deixava às cegas, diferente de algumas obras bem clichês (Sorria ou Megan, por exemplo), em que eu já conseguia saber onde e quando as coisas iam ocorrer, em “Talk To Me” eu era a todo tempo surpreendido por não saber quais seriam os rumos narrativos. Ou melhor, eu sabia, mas não quando ou como iriam ocorrer. E, aqui reside a grande genialidade do filme. “Talk To Me” sabe trabalhar com o clichê. O clichê não é algo ruim em si, apenas quando prejudica a narrativa por sua clara obviedade, ou preguiça criativa, ou por ocorrer em demasia. Mas, é inevitável que os filmes sigam esqueletos narrativos e caminhos de plot padrão. Os filmes do Oscar, por exemplo, o fazem com frequência. Entretanto, “Talk To Me” pega a batida trama do objeto amaldiçoado, com todos os seus elementos, e os executa de forma a sempre fugir do óbvio. Possui os elementos padrões dos filmes do gênero, mas disfarçados e executados de tal modo que demonstra não ser um filme óbvio, repetitivo ou mesmo clichê.
Infelizmente possui alguns escorregões nessa empreitada. O evento originário do passado, por exemplo, aqui foi executado de forma bem clichê, apesar de buscarem coloca-lo no início (a cena inicial) e depois retomá-lo como surpresa. Acontece que essa trama repetitiva, dos amaldiçoados anteriores, que geralmente abrem o filme e que em determinado momento os personagens irão buscar informações com ele, além de ser um clichê tenebroso, não acrescenta em nada para a trama do filme. O personagem que possuía a mão anteriormente e que eles encontram no ônibus simplesmente não serviu de nada, e foi logo descartado pela trama sem mais nem menos. Ou seja, adicionaram um clichê que fragiliza a narrativa e, pior, tal clichê não fazia a menor diferença para a trama.
Outro trecho problemático é o que envolve o canguru atropelado. A ideia é boa, mas a execução foi totalmente carente de sutileza, incluindo uma visão transparente do mesmo para deixar claro o seu significado. Ficou exagerado, seria melhor se tivesse sido mais sutil. Ou mesmo não ter sido incluído.
Confesso que também não gostei muito da forma como construíram a personalidade da protagonista, ficou muito confuso qual a personalidade que queriam dar para ela.
Entretanto, de resto o roteiro acerta em sua ótima execução, imprevisibilidade e conclusão. É bem climático e tenso nas questões que envolvem assombrações, além de não ter medo do gore, empregando uma violência não muito usual aos filmes do subgênero de objetos amaldiçoados. Gosto também da forma como deixam em suspenso a carta da mãe da protagonista, e como as assombrações a manipulam.
Os aspectos técnicos tentam não remeter aos filmes A24 e pós-horror de forma geral. Senti falta disso, querendo ou não seria interessante alguns daqueles takes de espaços vazios enquanto uma trilha com amplificadores e dons distorcidos toca. No geral, apesar da direção segura, poderia ter havido alguns exercícios estilísticos por parte do diretor. Não é algo ruim em si, mas se fosse utilizado poderia colocar o filme num patamar ainda maior.
Em suma, reinventa muito bem o batido subgênero de objetos amaldiçoados, escorrega um pouco em um ou dois momentos, mas executa muito bem sua proposta.
Nota: 9.3.
Mãe!
4.0 3,9K Assista AgoraColoco Mãe como um dos melhores filmes de terror da década passada, apesar de ser um filme de difícil classificação. E, convenhamos, já que quanto menos se souber do filme melhor ele fica, marcarei todo o resto do comentário como spoiler.
A genialidade de Mãe reside em um simples fato: Estamos assistindo a adaptação cinematográfica de um livro (A Bíblia) sem saber que é isso que estamos vendo. Tanto é que revendo agora não vi metade da diversão que foi quando vi dá primeira vez. O filme passa, a todo momento, a sensação de que estamos acompanhando algo sem saber o que realmente estamos acompanhando, gera aquela sensação de “que raios tá acontecendo?”. Acredito que comecei a desconfiar da adaptação bíblica no momento da inundação. É curioso também como o filme é absurdamente gradativo, com as coisas desandando num ritmo cada vez mais frenético. Mas, genial mesmo é a concepção dos dois personagens principais.
A Mãe natureza é servil e cuidadosa, gerindo a natureza nos seus menores detalhes e zelando e preocupando por eles, enquanto, ao mesmo tempo, surge frágil e passiva, agindo ativamente apenas quando a natureza (representada pela casa) que ela protege está em perigo. Deus, por outro lado, é perfeito em sua representação bondosa e ao mesmo tempo orgulhosa, necessitada de adoração e atenção. Curioso também como as cenas que a Mãe natureza está sozinha ou sendo atacada são momentos angustiantes, em que clamamos para que Deus apareça e ajude a resolver aquela situação alarmante, mas, quando ele aparece, apesar do alívio com seu retorno, Ele se prova inútil para resolver aquela situação, quase num paralelo com o fato de que oramos e buscamo-Lo, mas, no final, Ele não aparece para resolver as angústias ou aplicar o que entendemos por justiça.
Enfim, inexplicável que o filme tenha concorrido ao Framboesa de Ouro e tenha recebido ódio dos críticos, sendo vaiado em Cannes. Me recuso a acreditar que críticos não tenham entendido o que o filme estava mostrando. Ou, talvez, tenham entendido, o que é igualmente problemático, pois o ódio ao filme seria resultado de uma postura conservadora, que não aceitou a visão crítica dada à Bíblia, postura esta incompatível com críticos envolvidos com uma arte tão aberta como o cinema. Quero dizer, o proposito do filme era exatamente o de causar angustia e revolta, então qual o sentido de vaiar, sendo que o filme estava fazendo exatamente aquilo que estava propondo.
Bom, como disse, trata-se de uma adaptação da Bíblia, aproveitando as metáforas para expor de forma crítica alguns momentos do livro sagrado, como a postura de Deus ou o sacrifício de Jesus, e, de quebra, transmitindo uma mensagem fortemente ecológica. Deus permite que destruamos a natureza, sua criação em conjunto com a Mãe natureza, em troca da adoração que temos por ele. E, a conclusão é que a Mãe natureza, os humanos, etc, são efêmeros, mas Deus é eterno, basta ele reconstruir tudo e, por isso, não se importa tanto em perder a casa, a esposa e aqueles que o idolatram. O que, não deixa de ser curioso, afinal, o filme coloca como protagonista não Deus, mas a Mãe, que aparece em todas as cenas, em todos os momentos, em praticamente todos os takes, exigindo um ótimo trabalho da Jennifer Lawrence. Mas, confesso, revê-lo não foi uma experiência tão ótima quanto foi assistir pela primeira vez.
Por fim, sempre reclamo das notas sem sentido aqui no Filmow, então foi bem surpreendente ver esta nota alta para um filme tão polêmico.
Nota: 9.5.
Anjos Caídos
4.0 262 Assista AgoraDestaca-se pela fotografia estilizada e pela forma pouco comum que expõe sua narrativa. Embora expor talvez nem seja o termo adequado. "Jogar a narrativa" combina mais. É o tipo de filme que exige atenção e gera estranheza para nós que estamos acostumados com o estilo linear e expositivo das narrativas de Hollywood. A fotografia caótica e com a câmera em movimento constante contribui ainda mais para isso. Bom, meu maior problema com o filme é com o plot do assassino de aluguel, do início à sua conclusão. Quero dizer, se a trama do mudo que entra nas lojas a noite é mais interessante do que o relacionamento conflituoso de um assassino em série com uma prostituta, claramente temos um problema. Mas, apesar disso, o filme é muito bom em sua originalidade de proposta, execução e aspectos técnicos. O único momento que realmente me incomodou foi o que envolvia
o pai do mudo, longo, e a própria conclusão desse trecho é loooonga e piegas
Nota: 8.6.
Gremlins
3.5 861 Assista AgoraAcho que desses clássicos do terrir pré-adolescente oitentista, Gremlins é um dos que menos gosto. Acho que demora para engrenar, possuindo um primeiro ato meio vazio. Mas depois que os Gremlins entram em cena a coisa anda até bem, com os ótimos efeitos (Gizmo é bem simpático). Mas, apesar dos bons efeitos, as atuações no geral são pavorosas (Corey Feldman desperdiçado), completamente destoantes de um filme desse porte.
Também achei que a mistura de terrir ficou aquém. Não ousa muito no terror para focar mais no público jovem, ao mesmo tempo que é assustador demais para esse público. O plot sobre o Natal traumático da protagonista também destoa da trama, extremamente pesado e basicamente sem função na narrativa. Apesar disso, consegue ser divertidinho. Sempre esqueço que é um filme de Natal rs.
Nota: 7.7.
Krampus 2: O Retorno do Demônio
1.1 17Uau, não sabia que aquele filme pavoroso do Krampus de 2013 possuía uma continuação. A cada Natal assisto um filme do Krampus e do nada me peguei assistindo essa continuação, que, apesar de repetir grande parte dos erros do primeiro filme, é levemente superior.
Bom, no primeiro comentei sobre o fato de que o lugar parece uma cidade neonazi pela alta concentração de carecas. Nessa segunda parte melhoraram um pouco nessa questão de maquiagem/cabelo, apesar de que em determinado momento o protagonista decide entrar para a turma dos carecas sem mais nem menos. A trama continua con altos e baixos, sendo prejudicada pelos péssimos diálogos, assim como no primeiro filme.
No primeiro filme comentei que o Krampuera um pouco esquecido pelo roteiro no trecho final. Pois bem, aqui acontece ainda pior, sendo que a subtrama do cara que queria vingar o irmão vira trama principal e no último ato o Krampus é totalmente abandonado. Além disso temos aquele Papai Noel fajuto e a reviravolta sem pé nem cabeça (e um pouco óbvia) com a filha do protagonista. No final, segue o mesmo erro de não saber usar o Krampus como a contraparte punitiva do Papai Noel, focado em crianças, pois aqui pune mais adultos que qualquer coisa. E, não sei se foi por eu ter cochilado, mas no final as crianças ficaram lá, presas, sem conclusão?
Nota: 5.1.
Férias Frustradas de Natal
3.1 120 Assista AgoraTemos aqui um Férias Frustradas que me despertou o interesse por dois motivos. Um foi o fato de que agora seria evitada aquela estrutura episódica dos dois filmes anteriores e o outro foi por ter boas notas na internet. Bom, essas boas notas provavelmente são por causa de nostalgia de sessões natalinas pois o filme não é tão bom quanto o primeiro, apesar de ser melhor que o segundo. O humor é variável, com bons momentos, mas ainda aquém do timming do primeiro filme. As piadas que envolvem os vizinhos yuppies são incrivelmente sem graça (ou talvez tenham tido graça apenas na época, por retratar uma tribo específica daqueles anos). No final apela para o pastelão (correria com o esquilo e exagero intencional em vias de humor na figura do sequestro e retratação do chefe do protagonista).
Nota: 6.8.
A Saga Crepúsculo: Amanhecer - Parte 1
2.8 2,8K Assista AgoraPrimeiro, cabe ressaltar o quanto sem motivos foi a divisão em duas partes. O tanto de subtramas inúteis que esse filme tem (mais do que a parte 2) demonstra que não houve avaliação artística nessa divisão. Sim, o princípio primário é ganhar dinheiro, mas nos casos de Harry Potter, Hobbit, talvez até Jogos Vorazes, a divisão entre dois filmes beneficia a trama, usualmente corrida, trazendo mais desenvolvimento. O que se vê em Amanhecer é que essa divisão escancara o quanto o roteiro é frágil e como os realizadores (diretor, roteirista e autora do livro) estão completamente perdidos na trama.
Até a realização do casamento (acho que lá pelos 20 minutos) absolutamente nada acontece. Um exemplo da inutilidade dessa divisão em duas partes está na trama do Edward, já vampiro, ter matado humanos que eram maus. Não serviu para nada, não chegou em lugar nenhum, nunca mais foi citado...
A parte da lua-de-mel é outro exemplo de que essa divisão em duas partes não foi nem um pouco benéfica, soando longa e repetitiva. Primeiro, Jacob dá O MAIOR SURTO DA HISTÓRIA quando fica sabendo que Edward e Bella vão fazer amor com ela ainda humana, falando que ela vai morrer, etc. Aí Bella e Edward chegam fazem o negócio e a moça sai só com UM MÍSERO hematoma. Tanta expectativa para no final o Edward mal mal machucar ele, super de leve. Vai entender.
Bom, a parte da Bella grávida é uma das melhores da franquia. Aqui, como aconteceu em pouquíssimos momentos da autoproclamada “saga”, temos a construção de alguma emoção, no caso tensão em torno do destino da protagonista, que vai definhando aos poucos em sua gravidez. Inclusive, até a parte técnica é acertada aqui, com efeitos e maquiagem impactantes em relação à magreza da Bella. E, aqui, temos mais uma das diversas mensagens conservadoras que permeia a “saga”. No caso, uma clara mensagem anti-aborto, visto que o Bella se recusa ao procedimento ainda que claramente não vá sobreviver à gravidez, mesmo passando uma dor terrível e definhando a olhos vistos.
Bom, claro, tudo isso gera MAIS UMA VEZ a trama da Bella indefesa, enquanto os Cullen se reúnem com algum aliado improvável, aguardando o ataque dos inimigos (agora são os lobos), que vai acontecer na parte final do filme, algo que já se tornou repetitivo, visto que é o motor de todos os filmes da franquia. Aliás, superforçada a motivação dos lobos em atacar os Cullen. Fora que gerou a pior batalha final da franquia, já que ninguém poderia morrer, se machucar, etc, sendo apenas uma estapeação sem emoção e sem consequências.
Bom, sobre o imprinting, acho melhor deixar para comentar na parte 2.
Em relação aos aspectos técnicos, este daqui voltou ao padrão da franquia. Se a parte 3 era mais bem dirigida, realizada com mais apuro, aqui voltamos aos ares de filme sem orçamento, sem elementos inventivos na direção ou em outros aspectos, sem alma, sem identidade, pasteurizado.
Enfim, filme morno, que padece na decisão de dividir em duas partes uma história que já é carente de substância desde o seu início. Enfim, é sempre difícil decidir qual o pior da franquia, se esse ou Lua Nova, mas vou deixar Lua Nova como o pior.
Nota: 6.4.
Simplesmente Amor
3.5 889 Assista AgoraFilme extremamente good vibes, para mostrar que é filme natalino mesmo. As coisas fluem bem, os personagens são encantadores (um Primeiro Ministro BONZINHO, mais santinho que madre Teresa de Calcutá). Trás lições bonitas enquanto acompanha situações de romance envolvendo diversos personagens que eventualmente se cruzam. Essa questão das histórias se cruzando talvez seja um ponto um pouco irrelevante. Achei as relações tão intrincadas que sequer lembro da maioria delas. Acrescenta uma complexidade inútil ao filme, visto que essas relações na maioria das vezes não vai ter relevância para a narrativa. Enfim, fiz uma análise em separado de cada segmento:
Billy Mack, o cantor.
Talvez o segmento que mais aparece e ao mesmo tempo o que menos tem trama, visto que sua aparição se dá na TV, rádio, etc, como alívio cômico. E realmente funciona nesse aspecto do humor. Mas, confesso que não entendi muito bem se a ideia foi tratar do amor entre amigos ou se o negócio era amor homoafetivo e o roteiro não teve coragem de expor que era isso mesmo. Nota: 9.
O Primeiro Ministro
Esse segmento é divertido pela atuação de Hugh Grant, apesar de gerar um momento extremamente político, em relação aos EUA, e que senti que ficou meio fora do tom do filme, apesar da pertinência e genialidade da crítica. Outra questão é que o Primeiro Ministro é uma pessoa boazinha. Sério, acho que não tem precedente histórico de uma pessoa de coração bom desse jeito ter chegado num cargo máximo de poder em qualquer nação. Presidentes, primeiros ministros, etc, costumam ser ambiciosos. Podem até ter alguns que são honestos, que são boas pessoas, etc, mas não tão bonzinhos como o personagem. Difícil imaginar alguém com aquela índole como Primeiro Ministro. Nota: 8.
O garoto
Esse é o do Liam Neeson. Até começa divertidinho pelas questões de primeiro amor e tals. Mas, acho que o problema foi na escolha da garota por quem o personagem se apaixona. Colocar como interesse dele a popularzinha tida como mais gata da escola tira aquela ideia de primeiro amor, de que ele realmente ama ela ao invés de estar com uma paixonite típica pelo mesmo motivo que todos os outros garotos da sala também estão, afinal é a garota mais popular da escola. Inclusive a conclusão clichê da corrida pelo aeroporto me fez revirar os olhos. Nota: 7.
Os dublês
O plot do Martin Freeman é dos mais simplesinhos mas é eficiente em sua proposta inusitada, arrancando alguns risos, embora se delongue demais. Nota: 7.
O sonhador
Esse é para mim o melhor do filme. A trama em torno do rapaz que acredita que nos EUA vai ter mais sorte com as garotas e vai se afogar de tanto fazer sexo é executada de forma original. Como o amigo do personagem, todos nós estávamos extremamente céticos, certos de que ele não seria bem-sucedido em sua empreitada. A própria trama normalmente caminha nesse sentido, mas, ao contrário, temos uma conclusão inusitada e bem divertida, com a lição de que não devemos desistir de nossos sonhos, mesmo que sejam sexuais ou improváveis. Nota: 9.
O adúltero
O plot do Alan Rickman, que começa até bem, mas que acho que faltou desenvolver uma ou outra questão um pouco mais a fundo. A conclusão ficou um pouco solta. Nota: 7.
A portuguesa
Esse segmento é interessante pela personagem portuguesa e pelas falas em português, mas fora isso entrega uma trama de romance bem lugar-comum, apesar de que é bem executada no geral. Nota: 7.
O talarico.
Caramba, é o cara lá do Walking Dead kkkkkk. Esse segmento eu realmente não entendi. Qual a lição? De todo modo, o Rick levou o troco da talaricagem quando o Shane pegou a esposa dele. Nota: 7.
Por fim tem também o do Rodrigo Santoro, mas esse achei bem esquecível, quase irrelevante. Lembro tão pouco que arrisco dizer que poderia até ter sido cortado. Nota: 7.
Em suma, filme good vibes para o Natal, com um humor que funciona, personagens bonzinhos e romances fofos, permeado por um excelente elenco, enquanto analisa o amor em suas mais diversas formas, o primeiro amor, o início de o casamento, o fim de outro, o desgaste de outro, o lado sexual, etc.
Nota: 8.1.
Laços Eternos
3.2 2Se discordei com o fato de Um Sonho Desfeito ser o filme da Deanna com menor nota no IMDB, tenho que concordar com a nota baixa desse daqui, que é o segundo com a menor nota naquele site. De memória, aliás, acho que é o pior filme protagonizado pela atriz. E vários são os motivos.
Não vou reclamar do fato de ser um filme de guerra. O contexto da época exigia isso e é até interessante de assistir sob a perspectiva atual. A ideia de ser uma continuação, fechando a trilogia de 3 Pequenas do Barulho também é interessante, pegando Penny, uma personificação da inocência da década anterior (dominada por atrizes e atores mirins, como a própria Deanna, Shirley Temple, etc) e colocá-la, agora adulta, em um contexto mais sério, de guerra.
Na verdade, os dois principais problemas são a ausência das outras irmãs (mal são citadas) e o casal protagonista. Arrisco dizer, aliás, que foi o pior par romântico de Deanna. E o problema nem é o ator, ele até se esforça. A questão é que o relacionamento dos dois já começa ruim, com um beijo roubado do absoluto nada, ou aquela frase que contraria o "não é não". E a Penny, que estava totalmente desinteressada, apaixona pelo traste "porque sim". Mas, não só isso, faltou química. Parece que o ator do Bill, tentando se esforçar no dilema do protagonista, que ama a aviação e receia se apaixonar ou fazer alguém se apaixonar por ele e depois sofrer caso ele morra, acaba não se entregando ao par romântico e quebrando a química entre os dois. Bill é mal escrito, confuso, mal trabalhado e o dilema do casal protagonista não ser tão bem construído prejudica muito o filme e seu arco dramático.
Já sobre a ausência das irmãs, realmente seria mais interessante vê-las trabalhando na fábrica de aviões, ou mesmo uma delas sendo a personagem que perde o marido na guerra. Pelo menos os pais de Penny retornam e até aparecem bem, embora estejam naquela cena bizarra que exibem filmes da Deanna como se fossem gravações caseiras. Se são gravações caseiras quem raios filmou aquilo?
Bom, de bastante positivo, além da sempre boa presença de Deanna, temos um humor muito bem executado e que tira algumas risadas, principlamente envolvendo o pai de Penny.
Aliás, não sei porque Beguin the Beguine concorreu ao Oscar. Deanna cantou várias músicas mais marcantes ao longo de seus outros filmes.
Nota: 6.7.
Cassino
4.2 650 Assista AgoraSério, continuo sem entender o que Scorsese tem de tão extraordinário. Sim, costumo dar 4 estrelas para o filme dele, mas porque são bons filmes. Mas raramente assisto algo dele que considero realmente excelente. Talvez só Taxi Driver. E, o que dizer de Cassino, que é uma produção com Scorsese em total zona de conforto, como comentaram abaixo¿
Sim, o cara que falou que Marvel não é cinema nos entrega um filme totalmente encaixado no formulaico de suas outras produções baseadas em fatos, com todos os clichês e repetecos do modo do diretor de fazer cinema. Protagonista começa por baixo, tem algum talento que o faz se destacar, eventualmente se envolve com criminosos (a máfia, no geral), enquanto se apaixona por uma bela loura, resistente a ele no início, se casam, o casamento é meio tratado à parte, o tempo vai passando, surgem filhos que são quase figurantes, mal são citados mas aparecem casualmente em algumas cenas como para mostrar alguma vida comum do protagonista mas que não é o foco, aparecem problemas conjugais, o casal se separa, a polícia finalmente aperta o cerco, o protagonista é pego e termina decadente, mas ainda com alguma glória ou perspectiva. Filmes como Touro Indomável e Bons Companheiros. Aliás, não fosse a presença de Ray Liotta no filme de 1990, eu diria que Cassino e Bons Companheiros foram gravados juntos, tal a semelhança de roteiro, direção, fotografia, papéis dos atores, etc. É quase como se pegassem Robert DeNiro e Joe Pesci, eles gravassem a cena de bons companheiros, alguém rodasse o cenário atrás mudando para o do Cassino, trocassem o figurino deles e gravassem agora Cassino. Em essência são o mesmo filme, só muda o cenário e a época que se passa. Inclusive, minhas reclamações com Cassino são praticamente as mesmas.
Escrevi em Bons Companheiros que “uma narração incessante, enquanto o filme segue o mesmo tom monocórdico, expositivo e linear até o seu fim.” Mesmíssima reclamação aqui, é quase como se Scorsese, ansioso por expor a fantástica narrativa dos acontecimentos reais, acaba por suprimir a estrutura cinematográfica em prol de nos contar a história que aconteceu na vida real. Totalmente expositivo, principalmente nos primeiros 20 minutos, de um jeito que beira o ridículo, quase documental, o tipo de coisa que a crítica cai em cima quando é um filme blockbuster ou de terror, por exemplo.
Também comentei que “a cena inicial nos deixa curiosos por algo que nem vai ser tão relevante assim”. Curiosamente o mesmo acontece em Cassino, apesar de que a cena da explosão do carro é muito bem filmada, mesmo que a presença da narração que eu já reclamei. Falando em narração, é cabível citar, por exemplo, a narração que surge do absoluto nada em “Oito Odiados”. É um exemplo do tipo de ousadia, criatividade e inventividade que não vejo na maioria dos filmes de Scorsese. São filmes bem dirigidos no geral e só.
Aqui, apesar disso, não senti aquilo que costumo sentir nos filmes do diretor, que ele demora demais para estabelecer a narrativa, quais vão ser os conflitos, etc. Apesar da introdução longa, de cara já somos apresentados a vários dos elementos do filme.
Nosso protagonista, aliás, é uma concha vazia. Não é explorado, exposto, apenas existe. E, mais uma vez, o caso do personagem poderoso que consegue convencer uma dama indomável e bela a se casar com ele, gerando problemas no casamento, mais um Scorsese típico.
No final, as únicas coisas interessantes são ser baseado em fatos e a violência brutal que ora pula na tela de forma crua e sem avisos.
Nota: 7.2.
Questão de Tempo
4.3 4,0K Assista AgoraQuestão de Tempo é temática e conceitualmente interessante. O gênero em si é o romance, mas, possui um toque de fantasia quando dota ao nosso típico protagonista do gênero o poder de viajar no tempo. Sim, o personagem principal possui tal notável habilidade e a usa para poder conseguir uma namorada e eventual esposa. Milhões são as possibilidades que o poder de viajar no tempo pode desencadear, e usar tal poder com o propósito do filme soa estranho. É quase como se, na verdade, o artifício da viagem no tempo fosse algo inorgânico, mero artifício de roteiro.
Como se o roteirista do filme estivesse escrevendo um típico filme de romance e começasse a brincar com possibilidades distintas de prosseguir a trama e quisesse colocar isso no filme. O poder de viajar no tempo do protagonista não soa como algo real na trama, e sim como um exercício narrativo de estilo, explorando possibilidades roteirísticas e as usando como forma de brincar com os caminhos narrativos, com as escolhas do protagonista, com suas consequências ou como nem sempre é possível mudar as coisas, usando, assim, o artifício da viagem no tempo também para passar lições e ensinamentos ao público.
Sim, não há nada de depreciativo nesta forma de usar a viagem no tempo. Ademais, se começarmos a pensar muito no poder do protagonista, fadados estamos a entrar numa espiral de questionamentos e paradoxos e, como romance com pitada de fantástico (e não de ficção científica) é claro que este não é o objetivo do filme. Reparemos, por exemplo, na questão da irmã do protagonista, aquela que é a mais em termos de dinâmica de viajem temporal. Ele muda e depois “desmuda”, mas não temos garantias de que depois de “desmudar” tudo voltaria ao mesmo eixo. Ou a forma como ele simplesmente a leva ao passado sendo que em nenhum momento foi estabelecido que existisse essa possibilidade.
Mas, como eu disse, a viagem no tempo é um artifício narrativo para brincar e modelar possibilidades do roteiro, não sendo uma temática da trama a ser discutida (o tempo, em si, é o que é discutido pelo filme, e não a habilidade de viajar por ele). E isso é positivo pela forma inusitada e leve com que um poder fantástico é tratado. Pois ser leve é o principal objetivo do filme. Seu humor, sua condução, seu tom são leves. Os personagens também são quase todos (com exceção do namorado da Katherine) leves, altruístas, tranquilos, gentis. O que é ótimo, evitando um clichê do drama ou dos romances que pendem mais para o drama, em que o protagonista discute com a esposa-namorada, discute com seu pai, com sua mãe, etc. Aqui, pelo contrário, não possui desentendimento como motor narrativo (um clichê que é pouco apontado, pois, aparentemente, só quando filmes de terror são clichês é que as pessoas notam), mesmo em relação à Mary e sua sogra, que faz alguns comentários sarcásticos sobre ela.
Claro, alguns clichês não são evitados, mas, como sempre digo, a depender da execução, dos motivos que tal clichê foi colocado, ou de todo o resto do roteiro e a quantidade de outros clichês, é sempre possível relevar alguns clichês, por pior que sejam. Sempre reclamo, por exemplo, dos filmes com pegada mais dramática SEMPRE
usarem a morte de um personagem querido (geralmente uma figura paterna e geralmente de câncer) como motor narrativo para o clímax, e o mesmo acontece aqui, mas, devido a todo o resto da obra e a forma como esse clímax clichê foi executado,
Por fim, tocante e marcante foi a conclusão, o ensinamento que nosso protagonista tirou disso tudo. E, embora não tenhamos o poder de viajar no tempo e presenciar, na prática, esse ensinamento, podemos nos permitir exercitar as possibilidades, sonhar com as conduções diferentes que nossa vida, com o que teríamos feito diferente se pudéssemos viajar no tempo. Um exercício puramente mental, não executável na prática, claro, e que demonstra que o ensinamento final do filme é puramente perfeito. Valorizar os momentos do agora, retê-los na memória, sem necessidade de mudá-los ou desejar efusivamente de que fossem de outra forma.. pois, quando tratamos sobre o tempo, é o presente o que temos de palpável.
Nota: 8.6.